Três outros viadutos em obra ligada à Copa estão ameaçados em BH
O desabamento do viaduto Batalha de Guararapes, sobre a avenida Pedro 1º, na região da Pampulha, nesta quinta-feira (3) colocou em xeque a segurança de outros três elevados do corredor Antônio Carlos/Pedro 1º, sobre corredores do BRT (Buss Rapid Transit, na sigla em inglês) que estão sendo implantados em Belo Horizonte por causa da Copa.
Na avaliação do Ibape (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia) de Minas Gerais, acionado pela Defesa Civil do município, esses viadutos devem passar por imediata e minuciosa vistoria como forma de evitar outras tragédias.
O complexo contempla, além do viaduto que caiu, o viaduto da rua Montese, que cedeu cerca de 30 centímetros em fevereiro deste ano, chegando a ser interditado, conforme noticiou o UOL nesta quinta-feira (3).
Para o vice-presidente do (Ibape-MG), Clemenceau Chiabi Saliba Júnior, dois problemas em um mesmo conjunto de obras, em menos de seis meses, indicam a necessidade da análise de todos os outros viadutos e obras da intervenção.
”A análise dos viadutos deve ser feita, nem que seja só para dar segurança para a população. Podem ter havido, inclusive, vários erros combinados, em algum momento. Seja no projeto ou na execução. Ainda é cedo para definir qual foi o problema. É preciso verificar projeto, solo, como ocorreu a sondagem, a execução e até que materiais foram usados”, afirmou o especialista.
Peso da estrutura
Problemas na resistência do concreto dos pilares de sustentação do viaduto Batalha de Guararapes podem ter sido a causa do desastre. Segundo o perito do IMP (Instituto Mineiro de Perícia) Gerson Angelo José Campera é possível que os apoios não tenham suportado o peso da estrutura.
O especialista foi acionado pelo Instituto de Criminalística da PC (Polícia Civil) para participar da elaboração de um laudo técnico para subsidiar a investigação criminal aberta pelo órgão.
Campera explicou que, ainda em obras, o viaduto estava sendo construído na forma de um “Y”, com 40 metros de comprimento e mais dois ramais de 77,5 metros cada.
O escoramento da estrutura, que tem peso estimado em 1,8 mil toneladas, foi retirado nesta quinta-feira (3) no período da manhã. No início da tarde, ocorreu o acidente.
“Não houve deslocamento lateral, o viaduto caiu sobre si mesmo. Tudo leva a crer que o concreto não atingiu a resistência adequada para suportar o peso”, afirmou Campera.
Em nota, o Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) de Minas Gerais (Crea-Minas) lamentou as mortes e afirmou que faz um levantamento para apuração dos fatos e tomará providências de acordo com o que determina a legislação.
De acordo com órgão, não há fiscalização prática dos canteiros de obras ou da qualidade dos projetos em andamento em Minas Gerais. O órgão informou observar apenas se o profissional é habilitado para exercer a atividade.
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