Topo

Após confronto, ruas do centro de São Paulo começam a ser liberadas

Do UOL, em São Paulo

16/09/2014 13h00Atualizada em 16/09/2014 15h32

A Polícia Militar iniciou, por volta das 12h45, a liberação das ruas na região central de São Paulo após o confronto com os moradores sem-teto motivado pelo cumprimento de uma reintegração de posse em um prédio que estava invadido na avenida São João, na manhã desta terça-feira (16).

O confronto entre moradores sem-teto e a Polícia Militar deixou um rastro de lixo e um ônibus incendiado. Até o momento, 70 pessoas foram detidas e encaminhadas a distritos policiais. Destas, duas foram indiciadas por furto e outras duas por desacato. Uma mulher foi acusada de atear fogo em um ônibus.

A maior parte das ruas do centro que estavam interditadas já foram liberadas. Às 15h30, o bloqueio permanece apenas na avenida São João, entre o largo do Paissandu e a avenida Ipiranga, quarteirão onde está localizado o prédio.

O comércio na região foi paralisado por causa dos conflitos. A Polícia Federal fechou o posto de emissão de passaportes no Shopping Light e informou que as pessoas com horário agendado podem voltar ao local, nos mesmos horários programados, entre 17 e 30 de setembro.

Por volta das 10h, um ônibus biarticulado foi incendiado em frente ao Theatro Municipal, próximo à prefeitura, e o fogo chegou a atingir a fiação elétrica. Cerca de meia hora depois, o incêndio já havia sido apagado. 

Mais tarde, manifestantes tentaram incendiar outro ônibus, desta vez, no largo do Paissandu. O fogo, porém, foi controlado antes de se espalhar pelo veículo, que foi rebocado pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). Cerca de 30 linhas de ônibus foram desviadas para evitar a região.

A polícia ainda fazia a limpeza no prédio por volta das 12h, mas já não havia mais moradores no local, segundo a PM. Na região central, policiais continuavam cercando e fazendo vigilância.

"Truculência"

Para os moradores da ocupação do prédio, houve "truculência" por parte da polícia. "Estávamos todos na rua de forma pacífica até que houve uma discordância com o comandante do Choque [batalhão da PM] e eles avançaram, nos empurrando no sentido dos Correios [na região do Vale do Anhangabaú]", afirmou Bruno Matheus Santiago, de 19 anos, que morava há cinco no local.

Outro morador que não quis se identificar disse que "a polícia nos trata como traficantes e não como um movimento social". Segundo relatos de pessoas ligadas ao movimento, a confusão começou depois que balas de borracha foram disparadas contra um casal que estava em frente ao prédio.

Segundo o coronel Glauco Silva de Carvalho, que comanda a operação, a reação da PM ocorreu após os moradores atirarem objetos nos policiais que buscavam remover as polícias. Dois policiais militares ficaram feridos e foram socorridos.

Já de acordo com o comandante da Tropa de Choque, coronel Nivaldo César Restivo, o tumulto e a confusão verificados no centro posteriormente podem não estar ligados diretamente aos movimentos e à reintegração de posse. Para ele, a confusão pode ter sido promovida por pessoas que se aproveitaram do ambiente para promover saques em lojas.

“Ainda observamos alguns pontos isolados com grupos menores que estão tentado promover saques, furtos e roubos na região, mas estamos atentos, e toda nossa tropa está circulando na região para evitar isso”, disse o coronel Restivo.

Ônibus é incendiado durante confronto entre sem-tetos e a PM