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Prefeitura de Sorocaba gasta R$ 4 mi para construir prédios em antigo lixão

A obra no local onde deveria funcionar a Unidade Básica de Saúde custou R$ 2,1 milhões. Já a unidade da Oficina do Saber, teve um custo de R$ 1,7 milhão - Jacqueline Rocha/UOL
A obra no local onde deveria funcionar a Unidade Básica de Saúde custou R$ 2,1 milhões. Já a unidade da Oficina do Saber, teve um custo de R$ 1,7 milhão Imagem: Jacqueline Rocha/UOL

Jacqueline Rocha

Do UOL, em Sorocaba (SP)

06/03/2015 12h38

Em Sorocaba, cidade que fica a 98 quilômetros de São Paulo, a prefeitura gastou quase R$ 4 milhões para construir dois prédios onde deveriam funcionar uma Unidade Básica de Saúde e um espaço para atividades extracurriculares de crianças e adolescentes, mas o espaço está fechado porque o local é inadequado para edifícios. O terreno era usado como depósito de lixo clandestino e não foi liberado pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental).

De acordo com o órgão, toda a área está contaminada pelo gás metano por conta do lixo que foi depositado entre 1998 e 2002 e corre o risco de explosão. Por isso, o prefeito da cidade, Antônio Carlos Pannunzio (PSDB) não autorizou a inauguração dos prédios e o espaço virou alvo de vândalos. Janelas foram quebradas, existe uma fossa aberta e as salas são usadas para o consumo de drogas.

Quem mora na região se incomoda com o desperdício de dinheiro público. "Nós pedimos muito para ter um posto de saúde aqui. Agora que ele foi construído, não funciona e o mato só cresce em volta", reclama a dona de casa Gláucia Fernandes.

A obra no local onde deveria funcionar a Unidade Básica de Saúde custou R$ 2,1 milhões. Já a unidade da Oficina do Saber, onde seriam realizadas atividades extra-curriculares e cursos profissionalizantes, teve um custo de R$ 1,7 milhão.

Agora, a prefeitura realiza uma licitação para contratar uma empresa que fará a drenagem do gás que está sendo liberado na área. De acordo com o secretário de Governo, João Leandro, as obras devem começar no segundo semestre deste ano. "De qualquer forma, é importante deixar claro que isso é um trabalho da antiga administração municipal", afirmou. A construção começou em 2011, durante a gestão de Vitor Lippi, também do PSDB, e foi concluída em novembro do ano passado, quando Pannunzio já era o prefeito.

Serão abertas valas e postos de monitoramento para verificar se todos os gases foram eliminados. Além disso, os dois prédios precisarão de reparos devido aos danos causados pelo vandalismo, o que vai representar mais custos aos cofres públicos. "Sempre somos nós que pagamos a conta no final. Tudo isso foi feito com o dinheiro do nosso imposto e agora não temos médico no bairro nem curso para nossos filhos", lamenta o motorista Fábio Pacheco.

O operador de máquinas Iron Roberto Obara diz que já pediu ajuda de vereadores para que o problema fosse resolvido o quanto antes, em vão. "Estão nos enganando há anos em relação a tudo isso, e até agora as pessoas não assumem a responsabilidade. O mato alto em volta dos dois prédios é um risco para todo mundo", afirma.

A Cetesb de Sorocaba informou que, em janeiro deste ano, a prefeitura de Sorocaba protocolou o Relatório de Avaliação Ambiental Preliminar e Investigação Confirmatória para que fosse analisado pelo Departamento de Áreas Contaminadas. De acordo com a Cetesb, o estudo ainda não foi concluído, por isso ainda não é possível dar um parecer sobre os riscos do local.