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Após lama tomar rio, moradores sem água desviam caminhão-pipa em MG

Moradores impedem a circulação em rodovia que dá acesso a Governador Valadares - Reprodução/Facebook Pedra Corrida - MG
Moradores impedem a circulação em rodovia que dá acesso a Governador Valadares Imagem: Reprodução/Facebook Pedra Corrida - MG

Carlos Eduardo Cherem

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

15/11/2015 19h39

Cerca de 200 moradores do distrito de Pedra Corrida, em Periquito (197 km de Belo Horizonte, em Minas Gerais), bloquearam um caminhão-pipa enviado para a população de Governador Valadares (MG), na tarde deste domingo (15), e exigiram que o veículo fosse desviado para o município e a água descarregada no reservatório da Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) da região.

O bloqueio dos moradores de Pedra Corrida, que teve queima de pneus e suspensão do trânsito, foi feito no km 177 da BR-381, a cerca de 30 quilômetros de Governador Valadares.

Periquito tem 3 mil habitantes e é abastecida pela Copasa, e Governador Valadares, de 296 mil habitantes, recebe água da Saee (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) do município. As cidades sofrem com o desabastecimento desde a semana passada, por causa da impossibilidade de captação de água depois de o rio Doce receber a lama das barragens da Samarco, que se romperam no subdistrito de Bento Rodrigues, em Mariana, no dia 5.

De acordo com a Polícia Militar de Minas Gerais, que negociou com os manifestantes, a via foi liberada após cerca de 30 minutos, e o caminhão-pipa foi desviado para Periquito. Ainda de acordo com a PM, a Samarco, responsável pelo envio do caminhão-pipa para Governador Valadares, comprometeu-se a enviar mais seis veículos do tipo para o município. Os manifestantes disseram à PM que estão sem água desde domingo passado (8).

Procurada, a Samarco não comentou o caso até o momento. 

Volta da captação no rio Doce

No sábado (14), o governo de Minas Gerais anunciou que a captação de água no rio Doce pelo Saee de Governador Valadares será retomada nesta segunda-feira (16).  

Laudo emitido pela Copasa atestou que a água tem condições de ser submetida ao tratamento normal das estações do Saee. De acordo com esse laudo, antes de chegar ao tratamento normal, porém, a água captada no rio Doce será submetida a uma reação com um elemento coagulante chamado de polímero de acácia negra, um líquido de uma planta 100% orgânico.

O polímero acelera o processo de decantação e, em algo entre 30 e 40 segundos, consegue separar os resíduos da lama da Samarco. Técnicos da empresa fazem uma espécie de retrolavagem das estações, que ainda têm muitos resíduos dos rejeitos de pelotas de minério de ferro na lama que desceu no rio, para o início da captação.

Ainda nesta segunda-feira (16), a água começa a ser enviada para a população. A previsão é de que até a quinta-feira (19) todos os bairros da cidade voltem a ser atendidos.