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"Não sou nenhum assassino", diz motorista que atropelou 18 pessoas no Rio

Do UOL, em São Paulo

21/01/2018 21h23

O administrador de empresas Antônio de Almeida Anaquim, 41, pediu perdão às vítimas que ele atropelou na noite da última quinta-feira (18) no calçadão de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, e disse que não era um assassino. O depoimento foi dado à TV Globo em um vídeo que foi divulgado no Fantástico na noite deste domingo (21).

"Quero dizer que não sou nenhum assassino. Não tive intenção nenhuma de matar ninguém. Peço perdão a todas as pessoas que sofreram ou estão sofrendo por toda essa tragédia que eu causei", disse o motorista.

Dirigindo o próprio carro, o administrador invadiu o calçadão, na altura da rua Figueiredo Magalhães, por volta de 20h30. Havia muitos pedestres no local, frequentado por turistas. Dezoito pessoas foram atropeladas. Um bebê de 8 meses morreu.

O motorista foi autuado por homicídio culposo (sem intenção de matar) e deve responder ao crime em liberdade. Anaquim afirmou à Polícia Civil que é epilético e que sofreu um desmaio no momento do atropelamento. 

O delegado Gabriel Ferrando, da 12ª DP (Copacabana), afirmou que a hipótese mais provável para explicar o que aconteceu é que o condutor tenha sofrido um "evento epilético". Anaquim alegou tratar da doença com remédios e, em depoimento, afirmou que teria tido uma espécie de disritmia, decorrente desse episódio.

"Disritmia, ao contrário da convulsão, em que o indivíduo cai e fica se debatendo, causaria um apagão. Ele disse que já teve esse episódio há uns três, quatro anos, e agora teve esse apagão no momento em que estava conduzindo o veículo, o que ocasionou a manobra brusca", disse Ferrando. O delegado também afirmou que foi descartada a possibilidade de Anaquim ter ingerido bebida alcoólica.

No vídeo divulgado hoje, o administrador conta que teve "uma ausência" e que só retomou a consciência quando os policiais o abordaram no carro. "Eu tive uma ausência. Você fica completamente congelado, se contorce um pouco para o lado e nisso perde totalmente a consciência das coisas, de tudo", afirmou. 

"Quando comecei a ter uma consciência, eu ainda muito grogue, ainda não estava entendendo nada, somente via o vidro do meu carro quebrado, dois policiais na minha porta, tentando me explicar, mas eu ainda praticamente sem entender nada do que estava acontecendo", acrescenta. 

No entanto, Anaquim não explica no vídeo por que não havia informado anteriormente ao Detran (Departamento Estadual de Trânsito) do Rio de Janeiro sobre a epilepsia, nem fala sobre as multas e a suspensão da sua CNH (Carteira Nacional de Habilitação).

O Detran-RJ afirma que Anaquim omitiu o problema e que estava com a CNH suspensa desde 2014. Nos últimos cinco anos, Anaquim acumulou 62 pontos por infrações como avanço de sinal vermelho e estacionamento proibido. O motorista ainda descumpriu a exigência de devolução do documento para fazer o curso de reciclagem. O órgão instaurou processo de cassação da CNH.

"Pessoas com epilepsia podem ter CNH. No entanto, para ter o documento validado, precisam passar por uma avaliação neurológica. No caso do acidente, o motorista, durante seu exame de validação médica, negou ter qualquer doença neurológica, incluindo epilepsia", informou o Detran-RJ.

Em uma reportagem exibida pela TV Globo, imagens mostram o formulário preenchido pelo administrador para a autoridade de trânsito. O campo onde é questionado sobre epilepsia está rasurado, inclusive a parte em que ele deveria ter colocado quais remédios toma.