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CEO do Carrefour pede colaboração com a Justiça e revisão de treinamento

Manifestação em frente a loja do Carrefour em Curitiba (PR); CEO do Carrefour pede colaboração total com a justiça e revisão no treinamento de funcionários - Luis Pedruco/Futura Press/Estadão Conteúdo
Manifestação em frente a loja do Carrefour em Curitiba (PR); CEO do Carrefour pede colaboração total com a justiça e revisão no treinamento de funcionários Imagem: Luis Pedruco/Futura Press/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

20/11/2020 19h40

O CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, afirmou hoje que pediu ao Grupo Carrefour Brasil total colaboração com a Justiça para investigação da morte de João Alberto Silveira Freitas. Ele foi espancado na noite de ontem por dois seguranças, sendo que um deles era Policial Militar temporário, em um supermercado da rede, na zona norte de Porto Alegre.

"Eu pedi para as equipes do Grupo Carrefour Brasil total colaboração com a Justiça e autoridades para que os fatos deste ato horrível sejam trazidos à luz. Medidas internas foram imediatamente tomadas pelo Grupo Carrefour Brasil, principalmente em relação à empresa de segurança contratada. Essas medidas são insuficientes. Meus valores e os valores do Carrefour não compactuam com racismo e violência", afirmou Bompard em sua conta o Twitter.

Bompard ainda solicita "que seja realizada uma revisão completa das ações de treinamento dos colaboradores e de terceiros, no que diz respeito à segurança, respeito à diversidade e dos valores de respeito e repúdio à intolerância".

Ele diz que a "revisão será acompanhada de um plano de ação definido com o suporte de empresas externas para garantir a independência deste trabalho".

O Carrefour explicou hoje, em nota, que "todo o resultado de lojas Carrefour no Brasil nesta sexta-feira, 20 de novembro, será revertido para projetos de combate ao racismo no país. O valor será destinado de acordo com orientação de entidades reconhecidas na área. Essa quantia, obviamente, não reduz a perda irreparável de uma vida, mas é um esforço para ajudar a evitar que isso se repita."

Ainda alegaram que amanhã (21) "todas as lojas do Grupo em todo o Brasil abrirão duas horas mais tarde para que neste tempo possamos reforçar o cumprimento das normas de atuação exigidas pela empresa a seus funcionários e empresas terceirizadas de segurança. Também ratificam que estão "buscando contato com a família do senhor João Alberto para dar o suporte necessário neste momento difícil".

Carrefour rompe contrato com empresa de segurança

Após o caso vir à tona, o Carrefour decidiu romper o contrato com a empresa de segurança e fechará a loja. Em nota, o mercado afirmou que "adotará as medidas cabíveis para responsabilizar os envolvidos neste ato criminoso".

"O funcionário que estava no comando da loja no momento do incidente será desligado. Em respeito à vítima, a loja será fechada. Entraremos em contato com a família do senhor João Alberto para dar o suporte necessário", disse a empresa em nota.

O Carrefour, ainda em nota, disse "lamentar profundamente o caso" e afirmou que iniciou uma "rigorosa apuração interna".

"Para nós, nenhum tipo de violência e intolerância é admissível, e não aceitamos que situações como estas aconteçam. Estamos profundamente consternados com tudo que aconteceu e acompanharemos os desdobramentos do caso, oferecendo todo suporte para as autoridades locais."

Entenda o caso

João Alberto Silveira Freitas teria discutido com a caixa do estabelecimento e foi conduzido por seguranças da loja até o estacionamento, no andar inferior. Um deles é policial militar temporário - funcionário contratado pela Brigada Militar por tempo determinado, para atividades administrativas -, acompanhou o deslocamento, e colaborou no espancamento de Freitas.

Durante o percurso, acompanhado por uma funcionária do Carrefour, Freitas teria desferido um soco contra o PM, segundo afirmou a trabalhadora, em depoimento à polícia.

"A partir disso começou o tumulto, e os dois agrediram ele na tentativa de contê-lo. Eles (os seguranças) chegaram a subir em cima do corpo dele, colocaram perna no pescoço ou no tórax", disse o delegado plantonista Leandro Bodoia.

Os agressores foram presos, suspeitos de homicídio doloso. A cena vem sendo comparada nas redes sociais ao que aconteceu com George Floyd, que morreu sufocado por policiais nos Estados Unidos.