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Menino de 14 anos nada durante horas para não se afogar no Espírito Santo

Douglas Iúna nadou pela correnteza por duas horas e meia para não se afogar - Arquivo pessoal
Douglas Iúna nadou pela correnteza por duas horas e meia para não se afogar Imagem: Arquivo pessoal

Vinícius Rangel

Colaboração para o UOL, em Vitória

22/12/2020 18h18

Um menino de 14 anos precisou nadar por horas para não morrer afogado em Vila Velha, no Espírito Santo. Já um amigo do adolescente que entrou na água para tentar salvá-lo boiou por mais de quatro horas até ser resgatado.

Douglas saiu com o pai e um grupo de amigos para pescar na região da Barra do Jucu. Eles saíram de casa por volta das 14h e, duas horas depois, quando já estavam próximos ao rio Jucu, o adolescente resolveu entrar na água. No entanto, a correnteza estava muito forte e o jovem acabou levado pela água para o mar que banha a praia da Barra do Jucu.

"Eu entrei e as ondas começaram a me levar. Eu achei que ia morrer na hora. Só pensava na minha família. O mar estava muito agitado e a água muito gelada. Eu tive que nadar para não morrer, foi muito difícil. Eu pensava muito na minha família", contou o menino.

Ao ver Douglas sendo levado pelas ondas, Regis Ferreira Alves, 33, entrou na água para tentar salvar o filho do amigo. O auxiliar de obras contou que chegou a ver o menino por mais de uma hora e não acreditava em socorro. Os dois só enxergavam o mar.

"A gente chegou a ficar perto um do outro por mais de uma hora. Ele pedia socorro, mas a gente foi se afastando e depois eu não o vi mais. Era muita água. Estava tudo escuro, frio e eu não tinha esperança mais de ser resgatado. Eu não via mais a praia, nem barcos. Era só eu lá. Foi desesperador. O mar estava agitado demais", disse Regis.

Enquanto Douglas e Regis tentavam nadar e boiar para sobreviver, o pai do adolescente George Inácio, acionava o Corpo de Bombeiros para resgatar o filho e amigo. A equipe de mergulho realizou buscas até o horário de segurança, mas suspendeu por conta da visibilidade.

Douglas nadou e boiou ao todo por quatro horas e meia até que uma onda o levou de volta para a areia. Por volta das 20h30, o menino voltou a ficar consciente e foi buscar ajuda.

"Foi um susto. Eu acordei desorientado e comecei a buscar ajuda. Falei com um morador que ligou para o meu pai. Ninguém acreditava. Cheguei a afundar algumas vezes. Eu nasci de novo."

Assim que o jovem foi resgatado, uma viatura dos Bombeiros foi deslocada, realizou atendimento médico do adolescente e o orientou a ir a uma unidade de saúde. O pai de Douglas acompanhou com alívio a volta do filho. Muito abalado, ele só agradeceu pelo menino estar vivo.

Pouco mais de uma hora após Douglas ser encontrado na praia, Regis, que estava perdido no mar, também foi levado de volta à areia pelas ondas. O auxiliar de obras, que não sabia nadar, boiou para não afundar até que avistou de longe a praia onde ele estava.

"Eu achava que ia morrer. Não sei nadar e só pensei em boiar. Quando caí na areia de novo, andei até pedir ajuda e conseguir voltar para casa. Cheguei era 1h de manhã de hoje e vi minha família."

Regis é casado e pai de cinco filhos. Douglas mora com o pai, a mãe e mais dois irmãos. Ambos não acreditavam que hoje estariam juntos em casa. O sentimento que ficou foi agradecimento pela nova vida.

"A gente agradece a Deus. Eu vivi de novo, a gente não esperava, né? Estou com a minha família e é isso que importa", frisou Regis, e Douglas completou: "Foi Deus."