Conteúdo publicado há 6 meses

Filho de vítima agradece após Justiça mandar prender condutor de Porsche

Lucas Morais, um dos filhos do motorista de aplicativo que morreu após ter o carro atingido pelo condutor de um Porsche em São Paulo, reagiu após a Justiça mandar prender o condutor do carro de luxo na noite desta sexta-feira (3).

O que aconteceu

"Glória a Deus", escreveu Lucas em uma postagem no Instagram, visualizada pela reportagem. O jovem ainda compartilhou um versículo bíblico do livro de Isaías 56:1: "Assim diz o Senhor: Mantende o juízo e fazei justiça, porque a minha salvação está prestes a vir, e a minha justiça, prestes a manifestar-se".

O filho de Ornaldo da Silva Viana também agradeceu o apoio que ele e a família vêm recebendo. "Obrigado, meu Deus. Obrigado a todos que mandaram forças."

O jovem também compartilhou um vídeo do pai em um momento feliz com colegas na igreja. Ornaldo era evangélico e participava de iniciativas sociais. No vídeo, Lucas colocou um trecho da música "A Vitória Chegou", de Aurelina Dourado e Luanna Dourado: "Não aceite sua derrota, não se desespere / Espera no senhor, não largue sua cruz / A última palavra, ela não vem do médico / Nem do advogado, ela vem de Jesus / A última palavra, ela não vem do médico / Nem do advogado, ela vem de Jesus".

"Esse louvor que você tanto ouvia aqui em casa, pai. O céu está em festa", finalizou o filho.

Justiça decreta a prisão após negar três pedidos

A Justiça decretou a prisão preventiva do empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, 24, motorista do Porsche. A colisão matou Ornaldo e deixou outro ferido na madrugada de 31 de março em São Paulo.

Justiça viu risco de reiteração de condutas. Para justificar a decisão, o TJ de São Paulo também disse que a medida tem o objetivo de "garantir a regular instrução criminal". A decisão foi assinada por João Augusto Garcia, da 5ª Câmara de Direito Criminal.

Inicialmente, a Justiça havia negado três pedidos de prisão contra o empresário. Porém, o TJ tornou o empresário réu por homicídio doloso (quando há intenção de matar) qualificado e lesão corporal gravíssima. A denúncia foi feita pela promotora Monique Ratton, do Ministério Público de São Paulo. O motorista de aplicativo Ornaldo Viana, 52, morreu após a colisão.

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A decisão do juiz cita relatos de testemunhas de que o motorista do Porsche estava alcoolizado e "não conseguia sequer parar em pé". O documento também menciona o fato de que ele transitava em velocidade acima de 156 km/h no momento da colisão — a velocidade permitida na via onde houve a batida é de 50km/h. Além disso, Fernando tinha em seu histórico multas por excesso de velocidade e até um "racha" na avenida Paulista.

"A ligação com atos semelhantes, mesmo instado por pessoas a não dirigir, por seu estado (indicado ainda pelo frentista, que viu o réu sair cambaleando), fazem crer na possibilidade de reiteração em descumprimento de normas", narra a decisão de prisão cautelar.

Defesa foi procurada e não se manifestou até a publicação deste texto.

Decisão cita mudança de depoimento de uma das testemunhas. Na denúncia, o MP (Ministério Público) havia relatado que o empresário pressionou a namorada a negar que ele estivesse embriagado quando guiava o Porsche para justificar o pedido de prisão. Outras testemunhas, porém, apontaram que Fernando ingeriu álcool em dois estabelecimentos antes de dirigir.

O fato de ter havido mudança de versão de pessoa que presenciara fatos, e isso após contato com o interessado, enquanto solto, evidencia necessidade da custódia cautelar também sob o prisma da normal instrução criminal.
Narra a decisão judicial

O caso

Fernando se tornou réu por homicídio doloso. Exames periciais da Polícia Técnica Cientifica constataram que o empresário estava a 156,4km/h quando bateu e matou o motorista de aplicativo Ornaldo Viana, 52. A velocidade permitida na Avenida Salim Farah Maluf, local do acidente, é de 50km/h.

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Outras duas acusações foram cruciais para o pedido de prisão. Além de homicídio, Fernando também será julgado por lesão corporal, causada contra o amigo Marcus Vinicius Rocha — que estava no Porsche e se feriu gravemente, e fuga do local de acidente. Ele não prestou socorro e não fez teste do bafômetro.

A defesa negou a fuga. À época advogada de Fernando, Carine Garcia havia relatado que não houve fuga do local, e que a mãe apenas "resguardou o linchamento" ao levá-lo para casa.

Anteriormente, para negar os pedidos de prisão, a Justiça havia argumentado que inexistia "comprovação do descumprimento de quaisquer das medidas cautelares". Com isso, o MP recorreu da decisão.

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