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Bebê nasce com terceiro braço, metade do coração e passa por 5 cirurgias

Michelle Fondos com Cesinha, hoje com cinco meses - Arquivo Pessoal
Michelle Fondos com Cesinha, hoje com cinco meses Imagem: Arquivo Pessoal

Ed Rodrigues

Colaboração para o UOL, no Recife

03/02/2021 07h38

O pequeno Cesar, de 5 meses, nasceu com metade do coração e três braços. A condição da criança, que já passou por cinco cirurgias, exige cuidados especiais. Os pais do bebê, moradores de Praia Grande, no litoral de São Paulo, criaram uma vaquinha virtual para custear as necessidades de Cesinha e apelam para a solidariedade.

A condição do menino surpreendeu os pais. Segundo Michelle Fondos, mãe do bebê, eles só ficaram sabendo dos problemas após o nascimento, uma vez que durante o pré-Natal tudo aparentava estar normal.

"Fiz todos os exames de pré-natal e não acusou nada. Na hora, foi um susto. A única coisa foi que decidiram tirar ele ainda prematuro", disse.

Michelle contou ao UOL que o bebê saiu recentemente da UTI do Beneficência Portuguesa, onde ficou internado desde agosto passado e já passou por cinco cirurgias. Os procedimentos buscaram corrigir problemas no coração, coluna e diafragma.

Cesinha nasceu com um terceiro braço, que tem duas mãos - por temor de expor demasiadamente o bebê, Michelle solicitou que a reportagem não publicasse imagens do problema. O membro, que nasceu logo abaixo do braço direito, apresenta sistema nervoso e ossos, mas não se movimenta. Além disso, a criança também veio ao mundo com a Síndrome da Hipoplasia do Coração Esquerdo, também conhecida como "coração pela metade".

A justificativa médica para a situação da criança, a princípio, é ele que tinha um gêmeo siamês ao seu lado no útero e que o organismo teria combatido um deles, acrescentou Michelle. Essa suspeita, no entanto, só pode ser confirmada após a realização de um exame genético.

Vaquinha virtual

Devido às necessidades especiais do cotidiano de Cesinha, os pais dele se afastaram de seus respectivos trabalhos para se dedicarem exclusivamente ao menino. No entanto, a família ficou sem recursos para arcar com o tratamento.

Para apelar à solidariedade das pessoas, a família criou uma vaquinha virtual com uma meta de arrecadação de R$ 20 mil. O recurso, garantem os pais, será revertido em medicamentos e todo um leque de produtos essenciais ao tratamento.

Coração pela metade

A Síndrome de Hipoplasia do Coração Esquerdo (SHCE) é uma "malformação" cardíaca onde há um desenvolvimento anormal das estruturas do lado esquerdo do coração, impossibilitando e/ou dificultando o fornecimento do fluxo sanguíneo para todo o corpo.

A explicação é da cardiologista pediátrica Marcella Maia. Segundo a especialista, normalmente o coração tem o lado direito que recebe sangue pobre em oxigênio e leva para os pulmões, onde será oxigenado e esse sangue é recebido no lado esquerdo do coração, já oxigenado e distribuído para o corpo.

"Na vida fetal, existem comunicações entre os lados do coração que conseguem manter o fluxo sanguíneo adequado tanto para os pulmões quanto para o corpo e, por esse motivo, o bebê se desenvolve normalmente durante a gestação", disse a médica.

O diagnóstico, continuou Marcella, pode ser feito no período neonatal, mas desde o período gestacional é possível levantar suspeitas da cardiopatia durante a realização do ultrassom morfológico.

"Com o desenvolvimento de novas técnicas, o ecocardiograma fetal é um exame útil e que costuma dar o diagnóstico de forma fácil. É importante o diagnóstico precoce e antenatal para que o parto seja melhor planejado e programado, pois essas crianças precisarão de suporte logo ao nascer. [O bebê] ai necessitar de medicações para manter as comunicações que misturam o sangue do lado direito e esquerdo do coração abertas, permitindo que a criança tenha maior chance de sobrevida", acrescentou.

A SHCE é uma cardiopatia grave que necessita de intervenção precoce no período neonatal e tem mortalidade superior a 90% no primeiro mês de vida se não tratada cirurgicamente, alertou a cardiologista.