Terceirizado da CET morto por PM jogava futebol e abriu quadra para jovens
Um policial militar de folga matou Alberes Fernandes de Lima, 34, que prestava serviço para a CET, na zona norte de São Paulo, na noite de ontem (13). O policial está preso. O caso é investigado pela equipe do 13º DP, na Casa Verde.
O que se sabe
Alberes Fernandes de Lima trabalhava pendurando faixas de sinalização da CET em postes na capital. Ele era funcionário do consórcio Moove-SP, que lamentou a morte e afirmou que acompanha a "apuração dos fatos".
Antes de trabalhar como prestador de serviço, Lima foi entregador de aplicativo. "Ele gostava do trabalho [como prestador de serviços da CET], estava feliz porque estava com muito serviço. Ele sempre foi da correria no trabalho", diz Fabriciano Silva, amigo da vítima.
O prestador de serviços vivia em um conjunto habitacional da Vila Nilo, bairro da zona norte de São Paulo, com a mulher e quatro filhos. Segundo amigos e vizinhos, ele havia inaugurado uma quadra de areia no condomínio para crianças e adolescentes terem mais espaço para diversão.
Silva diz que Lima era "muito querido" na região. Ele contou que jantou com Lima na quarta (12). "Ele levou umas bolsas com mochilas para crianças da comunidade. Foram doações que ele conseguia com o pessoal do trabalho", diz. "Para ele, o dinheiro não vinha na frente. Ele sempre falava 'vamos ajudar, vamos correr."
'O vício dele era o futebol'
Nas horas vagas, Lima gostava de jogar futebol. O presidente do time em que o prestador de serviços jogava, Sidney Santana, diz que ele jogava futebol depois de encerrar o expediente. "No último jogo, ele estava na zona sul e veio participar."
Amigos do time "Família 100 Palavras" publicaram nas redes sociais uma homenagem a Lima. Santana lembra que, muitas vezes, Lima carregava a faixa de capitão no braço. "Ele sempre se manteve como uma pessoa calma, que separava discussões em campo."
Os amigos receberam a notícia da morte ainda na noite da quinta. "Acabou com a nossa noite. Ele tinha o coração gigante", diz Santana. "Quando a gente se encontrava era aquela resenha: momentos de brincadeira, distração."
O que aconteceu
Ventos fortes derrubaram uma das faixas que Lima pendurava em cima de um policial militar que passava de moto pela avenida General Leon Schneider, em Santana. O vendaval, causado por um ciclone extratropical, atingiu vários pontos da cidade de São Paulo.
O policial teria se irritado e tirado satisfação com Lima. Segundo a SSP, o prestador de serviços da CET insinuou que estava armado e o policial reagiu. Os amigos de Lima, entretanto, contestam a versão da pasta — pois Lima não andava armado, de acordo com eles.
Lima morreu após ser baleado com um tiro na cabeça. Ele chegou a ser levado para o hospital, mas não resistiu.
Um protesto contra a morte do prestador de serviços bloqueou a Rodovia Fernão Dias na madrugada de hoje — e a polícia dispersou manifestantes com bombas e balas de borracha. "Ele estava em um dos melhores momentos da vida, era trabalhador, um cara 'família', da comunidade, que fazia benfeitorias", diz Silva.
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Quero receberO policial de folga, de 40 anos, foi indiciado por homicídio e deve passar por audiência de custódia nesta sexta (14). A informação foi divulgada pela SSP.
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