Pai piloto diz como planejou 'carona' para filha em avião: 'Muito ansioso'
Um piloto da Azul emocionou os passageiros — e depois as pessoas nas redes sociais — ao fazer uma homenagem para a filha caçula dele, de 17 anos, que estava a bordo na aeronave.
Nada foi coincidência, é claro. Flavio Bouzon Serra contou ao UOL como planejou para conseguir dar uma "carona" nas alturas para Nina, que voltava de uma viagem de formatura com colegas da escola.
Ele, que mora em São José dos Campos (SP) com a família e trabalha na empresa há mais de dez anos, decidiu trocar a escala com um colega de trabalho só para levar Nina de Porto Seguro (BA) ao Aeroporto Internacional de Guarulhos.
A viagem ocorreu no dia 13 de julho, e as imagens da surpresa do pai para a filha (e o abraço dos dois, emocionados) viralizaram nas redes sociais nesta semana.
Ele contou que, quando soube que a viagem de Nina seria realizada pela empresa em que trabalha, começou a planejar a ação para a jovem.
"Quando a Nina soube que ela iria de Azul, minha escala já estava feita e aquele voo não era comigo. Aliás, seria uma coincidência milionária porque na Azul nós somos 3 mil pilotos em 150 aviões", diz Flavio.
Falei pra ela: 'Poxa filha, que pena porque no dia da ida estarei fazendo outros voos e no dia da sua volta estarei de folga'. Só que falei para ela isso já pensando sobre o assunto. Logo depois, descobri que o voo dela não seria só com a Azul como também com o avião que eu piloto. Era muita tentação.
Flavio decidiu conversar com o chefe sobre a possibilidade de ser escalado para a viagem — e a tentativa deu certo. "Ele foi muito aberto, muito acessível e comprou a ideia na hora."
A preparação para a surpresa contou com vários funcionários. Ainda no check-in, em Porto Seguro, Nina e as amigas ganharam assentos especiais sem nem sequer desconfiar.
"Eles me ajudaram a fazer elas sentarem onde eu queria porque as comissárias do voo não a conheciam. Eram 174 passageiros e se entrassem todos ia ser muito difícil para a comissária saber qual que era ela. Então o pessoal entrou na ideia muito rápido e chamou pelo microfone uma ordem que era mais ou menos aleatória, porque tinha a minha filha e as cinco amigas para subir para o avião primeiro. E aí ficou mais fácil para identificá-la e gravar a pessoa certa."
Antes de decolar, Flavio avisou aos ocupantes da aeronave que aquele seria o voo "mais seguro" da vida de cada um porque sua filha estava a bordo.
"Queria dar um beijinho muito especial para a turma de formandos da capital do mundo, São José dos Campos. Mais ainda para quem é do Poliedro, mais ainda para quem é do 3º ano A", disse o piloto no microfone.
"Lá no 3º ano A tem uma menina que quando era pequena às vezes ficava triste porque os pais iam voar e longe de casa. Mas hoje essa mesma aviação que deixava ela triste vai dar uma surpresa muito legal para ela", disse ele antes de decolar.
"Eu queria antes dar um beijinho especial para as amigas dela, para quem eu vivo dando carona de carro. E aí, meninas, quem diria... Hoje vai rolar uma carona de avião. E, para os demais, vocês podem ter certeza que hoje vai ser o voo mais seguro de vocês porque a minha filha está a bordo."
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Quero receberNa sequência, Nina aparece caminhando até a cabine de controle do avião, onde é recebida com um abraço do pai. Os dois se emocionam.
Fiquei muito ansioso, queria muito que desse certo. Estava até preocupado se o avião não saísse devido a alguma mudança brusca de tempo. Uns dois dias antes, já comecei a rascunhar o que queria falar. Era tudo rabiscado, cheio de flechas. Uma bagunça. Fui melhorando, mas na hora acabei errando um monte.
Ele ainda conta que deu sorte na aterrissagem. "Quando pousamos, o avião não tinha programação imediata. Só sairia de lá três horas depois. Então, quando a molecada desembarcou toda, eu fiquei com o avião só para mim com as cinco meninas. Tiramos várias fotos e mandamos para as famílias."
Flavio conta que não esperava que a surpresa fosse repercutir tanto. "Imaginei que ia passar só na revistinha interna da Azul", diz ele. Essa foi a primeira viagem de Nina com o pai como piloto profissional. Grande parte da família é ligada à aviação.
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