Como ricaço driblou medo e convenceu população de que Martinelli não cairia

O Edifício Martinelli, primeiro arranha-céu de São Paulo, voltou aos holofotes depois que o topo do prédio foi concedido à iniciativa privada em mais uma ação do projeto de revitalização do centro da cidade — o Grupo Tokyo, responsável pela balada de mesmo nome no Centro de São Paulo, venceu a licitação e vai administrar os últimos andares e o terraço do prédio.

Inaugurado em 1929, o edifício enfrentou alguns problemas durante sua construção — que começou em 1924 e previa apenas 12 andares. Para ficar pronto, o projeto contou com uma promessa de seu criador, Giuseppe Martinelli, empresário e um dos homens mais ricos de São Paulo na época.

Projeto polêmico e promessa

Na época, as construções de São Paulo não chegavam a cinco andares — com exceção do edifício Sampaio Moreira que, com 12 andares e 50 metros, era então o prédio mais alto da cidade.

O imigrante italiano Giuseppe Martinelli, empresário e um dos homens mais ricos de São Paulo na época, enfrentou a opinião pública e a prefeitura. A construção previa somente 12 andares, mas, quando chegou ao 24º andar, a prefeitura paralisou as obras por medidas de segurança.

Edifício Martinelli
Edifício Martinelli Imagem: Getty Images/iStockphoto

Martinelli reuniu documentos para provar que a obra era segura e, após análises da prefeitura, o projeto foi liberado para ter 25 andares — mas o objetivo do italiano era que ele pudesse chegar a 30.

Promessa e palacete na cobertura do edifício. Para demonstrar que acreditava na construção e que o prédio não cairia, Martinelli conseguiu amenizar a desconfiança da população e das autoridades com uma promessa: ele mesmo moraria lá com sua família, em um palacete na cobertura.

Imagem da construção do Martinelli, na década de 1920
Imagem da construção do Martinelli, na década de 1920 Imagem: Aurélio Becherini/Acervo Museu da cidade de SP

Mais curiosidades sobre o edifício Martinelli

Criador deu nome ao prédio. O imigrante italiano chamado Giuseppe Martinelli, que chegou ao Brasil em 1889, quando tinha 19 anos, foi o responsável pela construção.

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Edifício foi construído por 600 trabalhadores. O prédio icônico tem 30 andares, 130 metros de altura e 2.133 janelas. Ele foi o primeiro arranha-céu da cidade de São Paulo e o mais alto do país até 1947.

Inaugurado ainda incompleto. A inauguração do edifício aconteceu em 1929, quando ele só tinha 12 andares. No entanto, as obras foram retomadas e seguiram até 1934.

Barroco francês, neoclássico, rococó e art déco. O projeto inicial foi do arquiteto húngaro William Fillinger, mas a obra acabou finalizada pelo sobrinho do empresário italiano, Ítalo Martinelli. O resultado foi a mistura de diversos estilos na fachada do edifício.

Edifício Martinelli
Edifício Martinelli Imagem: Rafael Roncato/UOL/Foto tirada com o LG G4

Ponto de encontro da elite paulistana. Desde sua inauguração, em 1929, até meados dos anos 1930, o edifício reuniu a elite de São Paulo ao abrigar o hotel de luxo São Bento, o cinema Cine Rosário e até mesmo uma academia de dança.

Prédio passou por alguns proprietários. Alguns anos depois de Martinelli perder sua fortuna com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York em 1929, o edifício foi vendido para o governo da Itália. Já em 1943, com o Brasil declarando guerra ao Eixo — do qual a Itália fazia parte —, alguns bens foram confiscados e o edifício passou a ser propriedade da União.

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Em 1950, o edifício foi ocupado de forma irregular e viveu anos de decadência. Somente em 1975, sob o mandato do prefeito Olavo Setúbal (1975-1979), a Câmara Municipal da cidade interveio no edifício com o apoio do exército. Após uma restauração, o prédio voltou, em 1979, a abrigar escritórios, órgãos municipais, restaurantes e lojas.

Desde 1992, o prédio é tombado pelo Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental). Isso significa que suas características externas e elementos internos devem ser protegidos.

*Com informações da EFE

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