'Em cinco minutos perdemos o que construímos', diz vítima de enchente no RS
Em cinco minutos perdemos o que construímos. Eu moro de aluguel e não sei se a casa ainda está lá. Ficou apenas o telhado para fora.
O relato é de Simone Santos de Oliveira, de 40 anos. A auxiliar de cozinha mora na área central de Lajeado (RS) e teve que deixar para trás tudo o que conquistou durante anos. A cidade localizada no Vale do Taquari foi uma das mais afetadas pelas fortes chuvas causadas pela passagem de um ciclone extratropical na região Sul.
O que dizem as vítimas
"Foi tudo muito rápido, perdemos tudo. Tenho nove filhos e cinco netos, é assustador", salienta Simone, que é mãe solo. "As outras cheias foram mais devagar, desta vez foi muito rápido. Primeira vez que deixo tudo para trás. Agora, não sei como será. Vou seguir em Lajeado, mas procurar um lugar mais alto."
A água começou a subir no começo da madrugada de terça-feira (5). "Tinha muita gente pedindo socorro. Não consegui carro para levar nada, caminhões eram poucos e chegou um momento em que foi necessário sair", conta a auxiliar de cozinha.
Uma das filhas, moradora do bairro Hidráulica, também atingido pela cheia, conseguiu resgatar a mãe. "Quando eu saí estava com a água acima do joelho, só consegui carregar meus filhos, roupa, colchão, coberta e documentos, o resto deixamos para trás. Não sei como vai ser".
A comunicação com o Vale do Taquari está sendo reestabelecida aos poucos. Lajeado, Muçum e Roca Sales estão entre os municípios mais afetados. O governo do Rio Grande do Sul confirmou até ontem 36 mortes em decorrência da catástrofe.
"Eles estão sem luz, sem casa e sem acesso à internet. O relato é assustador, a água subiu em questão de minutos e com muita violência". Carolina de Oliveira, 38 anos, possui familiares que moram em Muçum. Residindo em Porto Alegre, a auxiliar de escritório não conseguiu contato com os parentes até as primeiras horas da manhã de ontem. Ela conta que o município precisará ser reconstruído.
Não tem mais nada. O pouco que consegui falar com minha tia, eles estão em choque, sem nada. Perderam tudo o que tinham. Assim como eles, a grande parte da cidade está sem saber o que será do amanhã, e a previsão é de mais chuva.
Carolina de Oliveira, sobre familiares que vivem em Muçum
Situação grave em Muçum
O prefeito de Muçum, Mateus Trojan (MDB), informou que 80% do município foi atingido. Ele definiu a situação como "caótica, muito grave", com inúmeros mortos e outros tantos desaparecidos. "A cidade foi destruída", disse.
Trojan informou que foi a maior enchente da história na cidade. "Muita força e velocidade da água, com muitos riscos. Temos muito material solto no meio da água. A nossa ponte Brochado da Rocha, a parte rodoviária dela, foi levada pelas águas", postou nas redes sociais.
Uma ovelha ficou pendurada na rede elétrica. As imagens que surgem do município impressionam.
Roca Sales: tragédia sem precedentes
Carros de cabeça para baixo, farmácias e supermercados destruídos, casas viradas, lixo espalhado. Pessoas vagando pelas ruas sem saber por onde começar. O município às margens do rio Taquari foi destruído.
"Roca Sales não tem mais nada", declarou o prefeito Amilton Fontana, em entrevista à Rádio A Hora, de Lajeado.
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Quero receberO prefeito disse que o rio subiu mais de 20 metros. De acordo com ele, estradas foram severamente danificadas e, em alguns casos, praticamente deixaram de existir.
A cidade segue sem fornecimento de energia elétrica e sinal de internet. Pacientes que estavam internados no hospital do município precisaram ser transferidos.
A prefeitura pede doações, especialmente de mantimentos e água potável. "Precisamos de ajuda".
O que fazer durante tempestades?
O Inmet orienta que a população das áreas afetadas por tempestades desligue aparelhos elétricos, observe alteração nas encostas, permaneça em local abrigado, proteja seus pertences da água envoltos em sacos plásticos em caso de inundação e, por fim, busque mais informações junto à Defesa Civil (telefone 199) e ao Corpo de Bombeiros (telefone 193).
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