Caso Marielle: pena de 70 anos ou mais, tanto faz
Os sete jurados não puderam contestar as provas contra Ronnie Lessa e Elcio de Queiroz e nem a confissão deles. Planejaram e mataram Marielle e Anderson Gomes com rajadas de tiros, deixando uma sobrevivente que virou a principal testemunha do crime. Foi uma e execução ao estilo das máfias.
Os dois ex-PMs foram treinados para proteger a população e usaram todo esse conhecimento a favor do crime e a mando de chefões cariocas que sempre visam os interesses deles próprios.
Quando precisam resolver uma "questão" -óbvio- não procuram a Justiça, fazem "justiça" com as próprias mãos e, na maioria das vezes, pelas mãos de matadores de aluguel. O mais chocante e assustador é que os executores muitas vezes são ex-policiais ou policiais, fardados ou não. Nos assassinatos da vereadora e Anderson Gomes, estão envolvidos: além dos dois réus, o delegado Rivaldo Barbosa, o major Paulo Alves Pereira e o ex-PM Robson Calixto.
Combater o crime quando o próprio inimigo está dentro do quartel ou da delegacia é impossível.
Marielle Franco era uma mulher corajosa que lutava uma luta sem glória no Brasil na defesa dos parentes daqueles que não tinham voz e perderam seus filhos, maridos ou netos pelas mãos armadas do Estado. Crimes que vão se acumulando na prateleira da impunidade brasileira.
A vereadora morreu ao tentar enfrentar os poderosos que ditam as regras nas periferias do Rio de Janeiro: bicheiros, milicianos, traficantes, policiais, políticos que sempre unidos usam o chamado escritório do crime para tirar da frente violentamente quem atrapalha os negócios deles.
Os motivos reais do assassinato de Marielle ainda são obscuros, mas, segundo os delatores, o crime foi encomendado pelos irmãos Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio e Chiquinho Brazão, deputado federal, que também estão na cadeia, ainda que neguem participação no crime.
A confissão dos dois réus é bem detalhada. Os irmãos Brazão tinham poder e usaram o escritório do crime para eliminar Marielle.
Os ex-PMs matadores de aluguel foram condenados a 59 e 78 anos de cadeia, respectivamente, mas, conforme a lei, só poderão ficar 30 anos. Por confessarem os assassinatos e entregue os mandantes devem ter ainda uma redução da pena. Com o tempo terão benefícios usando seus direitos de condenados.
Integrante do escritório do crime e agora delator, Lessa ficará mais seguro na cadeia do que em liberdade. O grupo é o mesmo utilizado pelo bicheiro Rogério Andrade, preso na terça-feira (29) por encomendar o assassinato de Fernando Iggnácio, rival no Jogo do Bicho.
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