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No fim do prazo eleitoral, Covas acelera inaugurações e mira em marco do PT

Bruno Covas comparece a início das obras do Mercado Municipal de Santo Amaro - Reprodução Instagram
Bruno Covas comparece a início das obras do Mercado Municipal de Santo Amaro Imagem: Reprodução Instagram

Felipe Pereira

Do UOL, em São Paulo

15/08/2020 04h00

O calendário eleitoral limitava até ontem a inauguração de obras por candidatos que tentarão a reeleição neste ano. O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), aproveitou bem a ocasião. Somente na sexta-feira, foram três cerimônias vinculadas a obras — sendo duas inaugurações.

Terminava assim a rotina de toda a semana — foram oito entregas desde segunda-feira (10), além do início das obras no Mercado Municipal de Santo Amaro e da transferência de um terreno que será usado para construção de moradias.

A partir de hoje, a legislação eleitoral determina que candidatos nas próximas eleições não podem mais participar de eventos desta natureza. "Data [15 de agosto] a partir da qual é vedado a qualquer candidato comparecer a inaugurações de obras públicas", esclarece a página do Tribunal Superior Eleitoral.

Antes que a data chegasse, Covas acelerou o ritmo. Para fazer uma comparação, foram três inaugurações e duas visitas a obras na semana passada, diante de oito entregas entre as últimas segunda e sexta-feira. Ontem, por exemplo, houve uma transferência de terreno para construir moradias, entrega de novas instalações da Casa da Mulher e a inauguração de um CEU. A agenda ainda reservou um horário para visitar as comemorações do centenário da Portuguesa de Desportos, tradicional time paulistano.

Em nota, a Secretaria Municipal de Comunicação afirmou que as entregas de obras são definidas de acordo com a conclusão dos trabalhos e alegou que não há vínculo com o calendário eleitoral. "Seguem, portanto, cronograma administrativo e não têm relação alguma com o calendário político-eleitoral", ressalta um trecho da nota (íntegra no final do texto).

Na quinta, foram outras duas inaugurações, incluindo a entrega do primeiro CEU desta gestão. Na ocasião, Bruno Covas fez elogios aos ex-prefeitos Gilberto Kassab (PSD) e Marta Suplicy (Solidariedade), nome cotado para concorrer a vice-prefeita na chapa com ele. "O CEU é uma marca da gestão Marta Suplicy", declarou Covas.

O primeiro CEU da capital foi inaugurado em 2003, em Guaianases, na zona leste, quando Marta era prefeita pelo PT. Na gestão dela (2001-2004), foram construídos 21 escolões e o modelo foi copiado por outros prefeitos, como Kassab. As unidades são espaçosas e, além das aulas, oferecem programação para a comunidade.

Covas já declarou que pretende entregar 12 CEUs até o fim do ano.

Composição da chapa

O afago de Covas sinaliza que Marta segue como uma possibilidade para ser vice da chapa. Haveria simpatia mútua e, para provar que a composição é possível, tucanos citam o apoio de Mário Covas, avô de Bruno, para Marta nas eleições de 2000.

As especulações sobre a escolha do candidato a vice-prefeito voltaram porque o nome mais cotado da aliança DEM, MDB e PSDB era o apresentador José Luiz Datena (MDB). Mas, nesta semana, o jornalista desistiu de disputar a eleição, outra vez.

Inaugurações e entrevistas

Sem definição do vice, a agenda com cara de campanha marcou a última semana, que também se destacou por várias entrevistas a veículos de comunicação. Ainda houve a convocação de uma entrevista coletiva online pela prefeitura e participação na coletiva de sexta-feira no Palácio dos Bandeirantes, junto com representantes do governo estadual.

Na entrevista de ontem, Bruno Covas anunciou que a taxa de ocupação das UTIs da rede municipal está abaixo dos 50% e mostrou alguns gráficos. Os números indicavam um desempenho melhor da cidade de São Paulo na comparação com Nova York, dado que deve constar de seu material de campanha.

Convenção em setembro

Apesar da agenda, ontem o prefeito não quis falar sobre eleições. Ele se mostrou contrariado após uma pergunta sobre a composição da sua chapa, na entrevista no Palácio dos Bandeirantes. "Acho que não cabe, em uma coletiva que trata de uma pandemia sanitária, de uma crise global, a gente tratar das eleições. A população que está em casa está preocupada se tem remédio no posto de saúde, se tem vaga em UTI, comportamento da taxa de número de casos, de internações, de números de óbitos", respondeu.

O nome do prefeito como candidato do PSDB deve se tornar oficial em 12 de setembro, data da convenção do partido.

Íntegra da nota da Prefeitura

A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Especial de Comunicação (Secom), informa que as entregas de obras e equipamentos públicos são definidas de acordo com a conclusão dos trabalhos e são realizadas ao longo da gestão. Seguem, portanto, cronograma administrativo e não têm relação alguma com o calendário político-eleitoral. A administração municipal continuará trabalhando e cumprirá todas as regras previstas pela Legislação Eleitoral.

Veja a lista da agendas ligadas a obras do prefeito

14 de agosto

Inauguração CEU Tremembé

Transferência terreno da Cohab a concessionários para erguer 22.430 unidades

Entrega de novas instalação Casa da Mulher

13 de agosto

Inauguração do CEU Vila Alpina

Inauguração do SIAT Ermelino Matarazzo

12 de agosto

Inauguração do Teia Jardim Edite

11 de agosto

Inauguração de Centro de Formação de Professores

Início das obras — Mercado Municipal de Santo Amaro

Entrega do hospital Veterinário Público da Zona Sul

10 de agosto

Abertura Complexo Hospitalar Sorocabana