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Candidato a prefeito é indiciado por suspeita de forjar o próprio sequestro

O candidato João Venâncio Ferreira, suspeito de forjar o próprio sequestro - Arquivo pessoal
O candidato João Venâncio Ferreira, suspeito de forjar o próprio sequestro Imagem: Arquivo pessoal

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

19/10/2020 18h07

A Polícia Civil do Rio Grande do Norte indiciou o candidato João Venâncio Ferreira (PT), 73, que concorre à Prefeitura de Antônio Martins (RN), por falsa comunicação de crime.

Segundo a polícia, em setembro, ele teria forjado um sequestro e mobilizado o aparato policial para esconder que, na verdade, teve um ataque de pânico. O caso foi investigado pela Delegacia de Alexandria, que concluiu a apuração na última sexta-feira (16).

De acordo com a polícia, no dia 24 de setembro, a família do candidato procurou as autoridades para informar que ele estava desaparecido desde o dia anterior.

João foi encontrado no dia seguinte, após ter sido deixado pelos supostos criminosos no município de Pereiro, no Ceará. Em depoimento, ele disse que estava indo à cidade de Pau dos Ferros resolver assuntos relacionados à sua candidatura, mas teria sido sequestrado durante o trajeto e ficado em cativeiro por dois dias.

O carro do pré-candidato foi achado pela polícia às margens da BR-226, que liga os municípios de Antônio Martins e Pau dos Ferros.

A suposta vítima ainda informou aos policiais ter sido deixado próximo à cidade de Pereiro (CE). Depois disso, alegou ter conseguido uma carona e ido até o Batalhão da Polícia Militar da cidade, que em seguida contatou a Polícia Civil de Alexandria. No mesmo dia, João Venâncio foi levado até um hospital para receber atendimento médico.

Segundo o delegado regional de Alexandria, Aroldo Chaves, logo após o início das investigações a polícia começou a suspeitar da versão apresentada pelo candidato e, com base em imagens recuperadas e contradições, conseguiu provas de que não haveria sequestro.

"Após ser confortando com essas provas, o senhor João resolveu contar o que tinha ocorrido. Na quarta-feira [dia 23 de setembro], ele disse que sofreu uma crise de pânico, achando que alguém queria matá-lo, e pediu a um sobrinho que o deixasse na cidade de Milhã, no Ceará, onde ficou escondido de todos, retornando apenas na sexta-feira, após mais de 48 horas dado como desaparecido", afirmou.

Mesmo se for confirmado o crime, sua candidatura prossegue normalmente. Só condenados em segunda instância são considerados inelegíveis pela Justiça Eleitoral.

O UOL tentou falar com a direção do PT no município de Antônio Martins, mas não conseguiu contato. Também ainda não foi possível achar o candidato para comentar o caso.