Líder militar rebelde anuncia a morte de Gaddafi
O líder militar do Conselho Nacional de Transição (CNT), Abdel Hakim Belhaj, afirmou, em entrevista à TV Al Jazeera, que o ex-ditador líbio Muammar Gaddafi foi morto e que seu corpo estaria sendo levado a um local secreto. Os Estados Unidos e a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) ainda não confirmam a informação.
O ministro da Informação do CNT, Mahmoud Shammam, também confirmou a morte de Gaddafi à rede americana CNN. Segundo Shamman, "hoje é dia de grande vitória para o povo líbio".
A morte de Gaddafi também foi confirmada pelo vice-presidente do CNT, Abdul Hafiz Ghoga, e pelo comandante Abdel-Basit Haroun, também do CNT, que afirmou que o ex-líder foi morto em um ataque aéreo da Otan a um comboio que tentava deixar a cidade líbia de Sirte.
"Nós anunciamos ao mundo que Gaddafi foi morto pelas mãos da revolução", declarou o porta-voz do CNT, Abdel Hafez Ghoga.
"É um momento histórico. É o fim da tirania e da ditadura. Gaddafi encontrou seu destino", completou.
O porta-voz do CNT em Misrata, Abdullah Berrassali, também confirma a morte do ex-ditador Gaddafi.
O canal de TV Al Jazeera já veicula uma imagem do corpo do ditador, supostamente morto.
Outras fontes como o Conselho Militar de Misrata e o líder Abdel Majid, do CNT, apenas afirmam que o ex-ditador está ferido.
“Ele foi capturado e está ferido nas duas pernas”, afirmou Abdel Majid, um dos líderes do Conselho Nacional de Transição, à agência Reuters. “Gaddafi foi levado por uma ambulância”, acrescentou.
Um vídeo que circula entre os combatentes do CNT em Sirte mostra imagens feitas com um telefone celular do que aparenta ser o corpo de Gaddafi ensanguentado.
Nas imagens granuladas, observadas por um correspondente da AFP, vários ativistas do CNT gritam de maneira caótica ao redor de uma pessoa de uniforme cáqui com sangue no rosto e pescoço.
O corpo é levado pelos combatentes e colocado em uma caminhonete.
Uma fotografia feita a partir de uma imagem pausada de um celular e obtida pela agência AFP supostamente mostra Gaddafi muito ensanguentado, mas ainda não está claro se ele estava vivo ou morto no momento da foto.
Na imagem, o ex-ditador está com sangue no rosto e nas roupas.
Ainda não se tem notícias confirmadas do que foi feito com o corpo. Algumas versões afirmam que foi levado para um local secreto.
No entanto, o site de uma televisão pró-Gaddafi, a Al-Libya, negou nesta quinta-feira "a captura ou a morte" do líder deposto.
"As informações espalhadas pelos lacaios da Otan sobre a captura ou a morte do irmão dirigente Muammar Gaddafi não têm fundamento", indicou a televisão, afirmando que ele goza de "bom estado de saúde".
Segundo o depoimento de um rebelde líbio para a agência Reuters, Gaddafi estava escondido em um buraco em Sirte e quando foi encontrado começou a gritar "não atirem, não atirem".
A Otan afirmou que está checando os relatos sobre a captura de Gaddafi e que ainda não confirma as informações.
O governo dos Estados Unidos também informou que ainda não tem condições de confirmar a notícia de Gaddafi tenha sido capturado ou morto.
A informação da captura do ex-ditador foi divulgada logo após a tomada de Sirte, cidade natal de Gaddafi e último reduto de forças leais a ele, pelos rebeldes líbios.
Um dos filhos de Gaddafi, Muatassim, foi achado morto em Sirte, informou à AFP Mohamed Leith, comandante das forças do novo regime líbio que combate nesta cidade.
Entenda o conflito
Os confrontos na Líbia começaram em 15 de fevereiro deste ano, quando 2.000 manifestantes protestaram em Benghazi contra a prisão de um ativista de direitos humanos e contra os governantes corruptos.
Veja a localização de Sirte, cidade natal de Gaddafi e onde o ex-ditador foi capturado
Apesar da repressão, os rebeldes líbios conseguiram a simpatia da comunidade internacional. Em 17 de março, um mês após o início dos conflitos, a ONU (Organização das Nações Unidas) aprovou a resolução 1973, que permite que os países aliados à Otan interviessem e tomassem “todas as medidas necessárias” para proteger a população civil.
A medida deu espaço para que os países da Otan, especialmente os EUA, o Reino Unido e a França, iniciassem bombardeios aéreos contra Trípoli e outras cidades como Benghazi e Misrata.
Ao mesmo tempo, começou o isolamento internacional de Muammar Gaddafi. Muitos países já reconhecem o Conselho Nacional de Transição como órgão legítimo do governo na Líbia.
Os nove meses de confrontos causaram muitos prejuízos para o país: milhares de pessoas morreram nos combates entre rebeldes e o governo; estima-se que, desde o início do conflito, mais de 1,2 milhão de pessoas tenha deixado a Líbia, criando uma crise humanitária. Muitos dos refugiados líbios se dirigiram à Lampedusa, ilha na Itália.
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