Comandante de navio que naufragou na Itália ficará em prisão domiciliar, diz advogado
A Justiça italiana determinou nesta terça-feira (17) que o capitão do navio Costa Concordia, Francesco Schettino, fique em prisão domiciliar. A informação é do advogado do comandante, Bruno Leporatti. Schettino estava no comando da embarcação que naufragou na última sexta (13) em águas da ilha de Giglio, na Itália, causando a morte de pelo menos 11 pessoas.
A juíza da região de Grosseto, Valeria Montesarchio, anunciou a medida depois de submeter Schettino a um interrogatório, segundo o advogado. Ele disse que ainda nesta terça o capitão deverá ser submetido a exames toxicológicos, antes de deixar a prisão de Grosseto para passar a cumprir a prisão em sua residência. “Não se pode mandar alguém para a prisão com base apenas na opinião pública”, disse o advogado.
O comandante Schettino, 52, está preso desde sábado. A promotoria de Grosseto, que tinha solicitado a prisão preventiva do capitão, o acusa de homicídio culposo múltiplo (sem intenção de matar), abandono de navio e naufrágio, crimes que podem condená-lo a até 15 anos de prisão.
Mais cinco corpos foram encontrados por mergulhadores nesta terça, segundo informações da Guarda Costeira, elevando o número de mortos no acidente para 11. Ainda há desaparecidos.
Os corpos, resgatados da proa da embarcação, ainda não foram identificados e o porta-voz da municipalidade de Giglio, Cristiano Pellegrini, não soube informar se eles são de membros da tripulaçãou ou de passageiros.
Nesta terça-feira, as equipes de resgate provocaram explosões controladas para entrar no navio, em busca de sobreviventes. Mais cedo, as autoridades haviam elevado para 29 o número de desaparecidos, especificando que eram 14 alemães, seis italianos, quatro franceses, dois americanos, uma peruana, um indiano e um húngaro. No domingo, três pessoas foram retiradas com vida de dentro da embarcação, que está parcialmente submersa.
Cruzeiro naufraga na itália
O navio com 4.229 pessoas a bordo bateu em rochas e naufragou na sexta-feira na ilha de Giglio. Havia 57 brasileiros a bordo, mas nenhum ficou ferido, segundo informações do Itamaraty.
A segunda caixa-preta do navio foi localizada mais cedo, informou a Guarda Costeira italiana nesta terça-feira (17). As informações do dispositivo, juntamente com o outro que já foi recuperado e está sendo analisado, vão fornecer para as autoridades “uma imagem completa de como ocorreu o desastre”, disse o oficial da Guarda Costeira, Massimo Macaroni.
Segunda a imprensa italiana, o comandante do Costa Concordia, Francesco Schettino, se aproximou da ilha para homenagear seu chefe de garçons, Antonello Tievoli, que nasceu no local, e um ex-comandante da companhia Costa Cruzeiro, Mario Palombo.
O capitão negou as acusações de que teria deixado a embarcação sem prestar auxílio aos passageiros e afirmou que só deixou o navio após terminar o processo de retirada dos ocupantes. O capitão afirmou ainda que, de acordo com as informações de que tinha no momento do acidente, as rochas que provocaram a ruptura do casco do navio não foram detectadas pelo sistema de navegação automática da embarcação.
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Ontem (16), o presidente da Costa Cruzeiros --proprietária do navio--, Pier Luigi Foschi, disse que o capitão fez um desvio de percurso "não autorizado, sem aprovação". Em entrevista coletiva concedida em Gênova, ele voltou a falar em "erro humano".
"A companhia dará ao capitão (Francesco Schettino) toda a assistência necessária, mas temos que admitir os fatos e não podemos negar o erro humano", afirmou Foschi.
Gravação
Um telefonema gravado entre a capitania dos portos e o comandante do Costa Concordia (ouça o áudio aqui) revela que Schettino se negou a voltar ao navio para liderar a evacuação dos passageiros.
Exatamente à 1h46 (local), quando centenas de pessoas ainda permaneciam no navio, um oficial da capitania ordenou ao capitão Schettino que voltasse ao Costa Corcordia: "Agora vá até a proa, suba pela escada de socorro e coordene a evacuação. Você precisa nos dizer quanta gente ainda está lá, se há crianças, mulheres, passageiros, o número exato de cada categoria".
"O que você está fazendo? Abandonou o socorro?", pergunta o oficial. "Capitão, é uma ordem, eu estou no comando agora e você, que declarou abandono do navio, precisa ir até a proa, voltar a bordo e coordenar" a evacuação.
O oficial da capitania pergunta se "há mortos" e Schettino responde: "Quantos?". O oficial se irrita e emenda: "É você que deve me dizer se há mortos. O que está fazendo? Quer ir para casa?".
"Agora você volta lá e nos diz o que podemos fazer, quantas pessoas estão lá, quais são suas necessidades", ordena então o oficial da capitania.
Dano ambiental
O governo italiano afirmou que decretará estado de emergência na área onde naufragou o Costa Concordia diante dos possíveis vazamentos de combustível e outros materiais poluentes.
"Existe um risco grande, vinculado à quantidade de combustível que existe no depósito", afirmou o na segunda-feira (16) o ministro de Meio Ambiente italiano, Corrado Clini, ao término de uma reunião que analisou a situação atual do navio.
Cada vez é maior a preocupação entre as autoridades italianas pelo dano ambiental que pode ocasionar o naufrágio, já que o navio ainda abriga 2.380 toneladas de combustível, que correm o risco de serem despejadas no mar.
A ilha de Giglio faz parte de um parque natural marinho considerado um dos mais importantes ecossistemas do Mediterrâneo.
Embora o prefeito da localidade, Sergio Ortelli, tenha assegurado nos últimos dias que não haviam sido registrados vazamentos de combustível, nas últimas horas os helicópteros que trabalham nos trabalhos de resgate avistaram algumas manchas na água.
"Não sabemos se são de combustível –o que significaria dizer que existe um problema no depósito– ou de outros líquidos que estão presentes no navio. As investigações em curso permitirão saber a natureza destas perdas", declarou Clini.
"Por enquanto, já iniciamos a proteção do casco com painéis que permitam conter estes vazamentos. As atividades seguem na ilha de Giglio e estão destinadas não só a controlar, mas também a tomar as decisões necessárias para evitar riscos para o meio ambiente", acrescentou.
(Com agências internacionais)
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