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Hillary diz que Dilma "criou padrão para o mundo" no combate à corrupção

A presidente Dilma Rousseff, acompanhada do ministro Antonio Patriota (Relações Exteriores), conversa com a secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton - Roberto Stuckert Filho
A presidente Dilma Rousseff, acompanhada do ministro Antonio Patriota (Relações Exteriores), conversa com a secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton Imagem: Roberto Stuckert Filho

Maurício Savarese

Do UOL, em Brasília

17/04/2012 11h30Atualizada em 17/04/2012 18h50

No último dia de sua viagem ao Brasil, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, afirmou nesta terça-feira (17) que o empenho da presidente Dilma Rousseff na luta contra a corrupção “criou um padrão para o mundo”. Ela fez o comentário na abertura das discussões da 1ª Conferência Anual de Alto Nível da Parceria para um Governo Aberto, que reúne líderes de 53 países na capital federal.

Criada no ano passado, a conferência surgiu de uma ideia de Dilma e do presidente norte-americano, Barack Obama, que conversaram na 66ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York (EUA). A parceria é um fórum de participação voluntária que reúne governos e entidades da sociedade civil.

Hillary afirmou que “os governos que se escondem do público, que descartam a ideia de abertura” no futuro “terão mais dificuldade para manter a segurança”. “A corrupção mata e destrói o potencial dos países. Tira a motivação das pessoas. Este é um recado para nossas populações, defendemos a abertura”, disse Hillary.

“Achamos que quando a população pode se expressar, nós fazemos melhor. A vontade política é que determina se prestamos conta ou não”, disse ela, pouco antes do elogio a Dilma: "O comprometimento dela com a transparência, a democracia e com a luta contra a corrupção cria um novo padrão mundial".

Dilma defende transparência e controle dos gastos públicos

A presidente brasileira perdeu sete ministros em seu governo por conta de denúncias de corrupção. Foram eles: Antonio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes), Wagner Rossi (Agricultura), Pedro Novais (Turismo), Orlando Silva (Esporte), Carlos Lupi (Trabalho) e Mário Negromonte (Cidades). Outros, como Fernando Pimentel (Desenvolvimento) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais), também foram alvos de denúncias, mas mantiveram seus cargos.

Em seu discurso no evento, a presidente Dilma disse que "todos têm a ensinar". "Acreditamos que todos os países que participam desse processo têm algo a ensinar e algo a aprender. Damos mais um passo no sentido de construir relações harmônicas entre os países", afirmou.

Transparência

Hillary, que passará dos EUA para o Reino Unido a copresidência da Parceria para o Governo Aberto, afirmou que os esforços de divulgação de dados fará a diferença entre os países no futuro. “O futuro não é de se estamos no Norte ou no Sul, à esquerda ou à direita, mas se temos um governo aberto ou fechado”, disse. “Quem descartar a abertura ficará para trás.”

A secretária elogiou esforços para abertura no Norte da África, de onde vieram delegações de dois países que passaram por revoluções recentes: Tunísia e Líbia. Depois da passagem pelo Brasil, Hillary segue para a Bélgica. Antes, ela esteve na Colômbia para a reunião de Cúpula das Américas. 

Ao discursar hoje, o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, defendeu a abertura e transparência das informações públicas. “Quanto maior for a exposição e a publicidade dos gastos e atos públicos, menor será o espaço para a corrupção e o desperdício”, ressaltou.

Hage destacou o crescente aumento do interesse dos países em aderir ao Governo Aberto. Ele citou também o interesse de organizações da sociedade civil no mecanismo. “Tudo isso significa uma aposta na democracia, na renovação dos povos, nas instituições e em mecanismos democráticos de governo.”

Já o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse que a conferência é uma oportunidade para aperfeiçoar os esforços no combate à corrupção e na busca pela transparência de dados oficiais.

“Estou certo de que sairemos [da conferência] fortalecidos pelo intercâmbio de ideias. Minha convicção é a da busca pela consolidação do governo aberto não só no Brasil, como no mundo”, disse o chanceler. (Com Agência Brasil)