Topo

Kofi Annan pede "passos efetivos" e seriedade ao governo sírio para cumprir plano de paz

Do UOL, em São Paulo

28/05/2012 09h09

O enviado da ONU e da Liga Árabe à Síria, Kofi Annan, pediu que a Síria “adote passos efetivos para demonstrar sua seriedade em resolver a crise pacificamente”, para acabar com a violência no país.

Annan chegou nesta segunda-feira a Damasco na tentativa de renegociar o plano de paz proposto em abril, um dia após o massacre de Houla, no qual morreram 108 pessoas e outras 300 ficaram feridas. Segundo observadores da ONU, entre os mortos, 32 eram crianças menores de 10 anos.

Em declarações a jornalistas, Annan se disse “impactado e horrorizado” pelo massacre, e pediu que todos os envolvidos no conflito “ajudem a criar um contexto correto para um processo político com credibilidade”. “Essa mensagem não é apenas para o governo, mas para qualquer um que tenha uma arma”, completou.

Durante sua visita a Damasco, o enviado da ONU se reunirá com o presidente Bashar Al-Assad e o ministro de Relações Exteriores, Walid al Mualem, para retomar os pontos do plano de paz proposto anteriormente e que previa uma trégua que entrou em vigor no dia 12 de abril, mas que não foi respeitada.

O plano de paz exige de todas as partes o imediato fim da violência e das violações dos direitos humanos, assim como a garantia do acesso de pessoal humanitário ao país, a facilitação da transição política síria rumo à democracia, o início do diálogo político e a permissão do acesso da imprensa, entre outros.

Ao comentar o massacre, Annan disse que vai pedir uma investigação para apuar os responsáveis pelas mortes. “Foi um crime espantoso e o Conselho de Segurança já o condenou com toda a razão”, disse Annan sobre o massacre. “Espero ter uma conversa sincera e franca com o presidente Assad”, completou. Esta é a segunda visita de Annan à Síria desde que foi nomeado mediador, há três meses. 

Rússia culpa os dois lados pelo massacre

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou nesta segunda-feira que os dois lados no conflito sírio são responsáveis pelo massacre de Houla. "Aqui nós temos uma situação na qual os dois lados claramente tiveram participação no fato de que cidadãos pacíficos foram mortos", declarou Lavrov em uma entrevista coletiva ao lado do colega britânico William Hague.

Massacre em Houla

  • Arte/UOL

"Estamos muito preocupados vendo como o plano de Annan não é respeitado. Continuamos muito longe de nossos objetivos", acrescentou Lavrov.

O governo da China pediu nesta segunda-feira uma "investigação imediata" sobre o massacre, sem responsabilizar o governo do presidente Assad pelo massacre. Pequim também defendeu a aplicação do plano de paz de seis pontos proposto por Annan.

O governo do Irã também condenou o massacre de Houla, mas considerou "suspeita" a tentativa de culpar as forças do regime sírio.

No domingo, em uma reunião de emergência, o Conselho de Segurança condenou em um comunicado os ataques "que envolveram uma série de artilharias do governo e disparos de tanques em áreas residenciais" e "disparos a curta distâncias e agressões físicas severas".

"Tal uso abusivo da força contra a população civil constitui uma violação da lei internacional aplicável e dos compromissos do governo sírio sob as resoluções do Conselho de Segurança da ONU", diz o comunicado. (Com agências internacionais)

Governo sírio nega responsabilidade em massacre