Após massacre de civis, Síria é alvo de ofensiva diplomática
A comunidade internacional intensificou a ação diplomática contra a Síria, em reação ao massacre de ao menos 108 pessoas na cidade de Houla no final de semana.
Segundo a ONU, 49 crianças e 34 mulheres estão entre os mortos. Ativistas dizem que tropas sírias usaram munição pesada para atacar em Houla, enquanto milícias pró-regime avançavam contra as pessoas nas ruas e nas casas.
O enviado especial da ONU para a crise síria, Kofi Annan, deverá visitar Damasco nesta segunda-feira, depois de o Conselho de Segurança do organismo ter adotado, por unanimidade em reunião emergencial no domingo, declaração condenando o uso de artilharia pesada pelo governo sírio em Houla.
A China, outra aliada do regime sírio, também condenou "a matança cruel" em Houla. "(Pequim) está profundamente chocada pelo alto número de civis mortos", disse nesta segunda-feira o porta-voz da Chancelaria chinesa, Liu Weimin.
Já o embaixador da Síria na ONU alegou que a decisão do Conselho de Segurança é baseada em um "tsunami de mentiras" e atribuiu a culpa pelas mortes a "terroristas".
Ainda nesta segunda-feira, Kofi Annan deverá encontrar-se com Bashar al-Assad em Damasco.
Rússia e Reino Unido
Em outra frente diplomática, os chanceleres da Rússia (forte aliada da Síria) e da Reino Unido se encontraram em Moscou e debateram a crise síria, que há mais de um ano vive uma onda de protestos fortemente reprimida pelo governo, com um saldo estimado em 10 mil mortes.
Massacre em Houla
Em uma entrevista coletiva com o chanceler russo, o britânico William Hague disse que a Síria precisa implementar o plano de paz proposto pela ONU (que inclui um cessar-fogo e um processo de transição política) e que a alternativa a isso "é o caos crescente e a aproximação da guerra civil e do colapso" do país.
Já o chanceler russo, Sergei Lavrov, disse que "os dois lados do conflito" sírio estiveram envolvidos no massacre de Houla. Questionado se o presidente sírio, Bashar al-Assad, poderia ser parte da solução para a Síria, ele respondeu que pôr fim à violência no país era mais importante do que determinar quem estará no poder.
Cessar-fogo fracassado
Apesar da pressão internacional e da aprovação de um cessar-fogo, a violência tem continuado na Síria, mesmo com a presença de 280 observadores da ONU.
Ativistas da oposição dizem que ao menos 30 pessoas foram mortas no domingo, quando o Exército sírio cercou a cidade de Hama. Os relatos não puderam ser verificados de forma independente.
O correspondente da BBC no Líbano, Jim Muir, diz que não há nenhum sinal de mudanças na atuação das tropas de Assad como consequência da condenação internacional ao massacre de Houla.
E, para alguns analistas, é improvável que o massacre marque um ponto de virada no conflito sírio - ao contrário de massacres em conflitos anteriores, como o de Srebrenica, em 1995, que forçou a intervenção internacional na guerra da Bósnia.
"Apesar do fato de que as terríveis imagens emergindo da cidade de Houla irão gerar novas pressões sobre todos esses países para que repensem sua cautela, o resultado mais provável deverá ser diplomacia intensificada, e não uma corrida à guerra", disse em artigo à BBC o pesquisador do Royal United Services Institute Shashank Joshi.
"Oficiais da Otan (aliança militar ocidental) insistem que não estão planejando uma intervenção na Síria. Autoridades americanas têm sido cautelosas. Alguns Estados árabes - particularmente Arábia Saudita e Catar - vêm pedindo o uso da força, mas limitam sua intervenção a armas e dinheiro", agrega.
Internamente, a matança em Houla provocou protestos de milhares de ativistas, que saíram às ruas do país.
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