Assange quebra silêncio na Embaixada do Equador e pede que EUA parem de perseguir WikiLeaks
O australiano Julian Assange, 41, fundador do WikiLeaks, quebrou o silêncio neste domingo (19) ao falar publicamente da sacada da Embaixada do Equador, em Londres. Assange refugiou-se na embaixada no dia 19 de junho para evitar sua extradição à Suécia. Assange é requerido pela justiça sueca por acusações de agressão sexual que ele nega ter cometido.
O fundador do WikiLeaks disse que a organização está sob ameaça e pediu ao presidente dos EUA, Barack Obama, que não processe ou persiga colaboradores. "Eu peço para o presidente Obama fazer a coisa certa, os Estados Unidos devem renunciar a sua caça às bruxas contra o WikiLeaks." O site revelou milhares de documentos secretos de países, principalmente dos Estados Unidos.
Assange pediu a liberdade do soldado americano Bradley Manning que foi preso acusado de colaborar com a divulgação de documentos. “Ele é um herói e um exemplo para todos nós”, afirmou.
Manning é acusado de ter transmitido ao WikiLeaks, entre novembro de 2009 e maio de 2010, documentos militares americanos sobre as guerras do Iraque e do Afeganistão e 260 mil telegramas do Departamento de Estado, que a organização criada por Julian Assange publicou posteriormente em seu site, gerando uma tempestade diplomática internacional.
Manning, ex-analista de inteligência no Iraque, foi formalmente acusado no fim de fevereiro deste ano de "conluio com o inimigo", entre um total de 22 acusações, e corre o risco de ser condenado à prisão perpétua.
"O FBI deve acabar com esta investigação", disse Assange. O fundador do WikiLeaks teme que a Suécia possa ser somente uma passagem antes de uma posterior extradição aos Estados Unidos, onde é acusado de espionagem devido à publicação de milhares de documentos secretos do Departamento de Estado Americano.
Assange também agradeceu ao presidente do Equador, Rafael Correa, e a apoiadores de diversas partes do mundo. "Eu agradeço ao presidente [Rafael] Correa pela coragem que mostrou ao considerar e me conceder asilo político", disse. O australiano foi aplaudido diversas vezes por uma multidão que acompanhou seu discurso.
Assange afirmou que a polícia britânica tentou entrar na embaixada na quarta-feira passada, mas desistiu diante da presença de seus simpatizantes e da imprensa. "Escutei uma equipe de policiais que entrou através da saída de emergência, mas eles sabiam que existiriam testemunhas", disse o australiano, para quem graças à presença da imprensa "o mundo estava olhando" para o que ocorre na embaixada. "Se o Reino Unido não jogou fora a Convenção de Viena é porque o mundo estava olhando."
Asilo no Equador
Na última quinta-feira, Assange teve seu pedido de asilo concedido pelo Equador, sob a alegação de que pode ser vítima de perseguição política. Entretanto, o Reino Unido se negou a dar salvo-conduto para a saída do australiano rumo ao Equador –com isso, ele pode ser detido pela polícia britânica assim que pisar fora da embaixada equatoriana.
Protocolos internacionais estabelecem que territórios diplomáticos não podem ser violados pela polícia local.
Mais cedo, o advogado de Assange, Baltasar Garzón, disse que ele está "disposto a responder pelas acusações" que enfrenta na Suécia, mas quer "garantias" de que não será extraditado aos EUA. Garzón também declarou que encontrou Assange "com um estado de espírito combativo". "Ele agradece aos equatorianos e, particularmente, ao presidente Rafael Correa por ter concedido asilo a ele”, afirmou
Também o número 2 do WikiLeaks, Kristinn Hrafnsson, se manifestou. "Seria uma boa base para negociar, uma maneira de encerrar este assunto, se as autoridades suecas declarassem sem nenhuma reserva que Julian nunca será extraditado da Suécia aos Estados Unidos", afirmou."Posso garantir que ele [Assange] quer responder às perguntas do promotor sueco há muito tempo, há quase dois anos”, finalizou.
Invasão
Na semana passada, o governo do Equador denunciou que as autoridades britânicas ameaçaram entrar em sua embaixada em Londres para deter Assange.
Reunidos no sábado (18) para discutir a questão, na cidade equatoriana de Guayaquil, os chanceleres da Alba (Aliança Bolivariana para os países de Nossa América) afirmaram que a eventual entrada da polícia britânica na embaixada teria "graves consequências no mundo".
"Advertimos o governo do Reino Unido sobre as graves consequências no mundo todo em caso de agressão direta à integridade territorial da República do Equador em Londres", afirmou o comunicado lido pelo chanceler venezuelano Nicolás Maduro ao término do encontro.
"Rejeitamos as ameaças intimidadoras proferidas por porta-vozes do governo do Reino Unido pela violação dos princípios de soberania e integridade territorial das nações", afirma outra parte da declaração.
O ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague, entretanto, já negou a possibilidade de invasão. (Com agências internacionais)
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