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Em "choque", mãe de gaúcho internado na Austrália quer trazê-lo para o Brasil

O brasileiro Marcus Vinícius Moraes, que teria sido espancado na Austrália - Reprodução
O brasileiro Marcus Vinícius Moraes, que teria sido espancado na Austrália Imagem: Reprodução

Fábio Luís de Paula

Do UOL, em São Paulo

06/02/2013 12h50Atualizada em 06/02/2013 13h07

"Fiquei em choque. Nunca imaginei que isso aconteceria, porque ele nunca me deu problema nenhum", disse a professora Andréa Maria Ritter sobre seu filho Marcus Vinícius Moraes, 27, que está internado em estado grave após ter sido supostamente agredido por seguranças de uma balada em Sydney, na Austrália.

A mãe disse nesta quarta-feira (6) à reportagem do UOL que está bastante preocupada com Marcus e que embarca para a Austrália na quinta (7). "Eu vou pra lá amanhã. Não tinha nem passaporte, mas já consegui um em caráter de emergência e já comprei a passagem. O Itamaraty me disse também que o visto australiano está OK. Não falo inglês, mas vou na cara e na coragem. Meu objetivo é trazer ele de volta pra cá", contou ela, que vai ficar na casa do filho, em Sydney.

O Itamaraty acompanha o caso, que está sendo investigado pela polícia australiana

"Ele está melhorando sempre um pouquinho mais, um dia de cada vez. Os amigos estavam mais desesperados. Agora estão um pouco menos, depois que ele acordou, saiu do coma e respondeu a estímulos. Mas o caso é muito delicado. A gente ainda não sabe o que vai acontecer. É preciso muito cuidado, ele precisa de muito descanso", explicou Andréa.

O gaúcho está hospitalizado e corre risco de ter algum dano cerebral. A mãe contou também que Marcus já fez duas cirurgias de traumatismo craniano logo no domingo (3). "Ele está muito sedado, mas consciente. Sabe onde está e quem é. O estado dele é estável, mas muito delicado".

Um amigo de Marcus o visitou no hospital e disse que ele saiu de um coma induzido na terça (5), mas mal consegue abrir os olhos e não consegue falar.

Entenda o caso

Segundo informações do site Bigpond, Marcus estava em um bar no bairro de Newtown e teria batido no peito de um dos seguranças enquanto era expulso do local, de acordo com a polícia. Então, os seguranças revidaram e o espancaram violentamente.

"A gente não sabe direito o que aconteceu. Eu não sei bem se era uma boate ou bar, mas o grupo estava festejando o visto permanente que um deles conseguiu para ficar lá. Sei que foi perto da meia-noite de sábado lá. Fiquei sabendo uma ou duas horas depois, quando os amigos dele me ligaram para avisar e me pediram para ver nas redes sociais", disse Andréa.

Oficiais e paramédicos receberam ligações por volta da meia-noite (horário local) de domingo (4), avisando que um homem estava inconsciente e caído na rua Pitt.

Marcus está internado em estado grave, porém estável, no hospital Royal Prince Alfred. O brasileiro já passou por uma cirurgia.

Um segurança de 22 anos foi preso e acusado pela polícia local de "tumulto e agressão", de acordo com nota oficial da polícia de Nova Gales do Sul. Ele foi encontrado no local onde teria ocorrido a violência e levado ao departamento central da polícia. O acusado pagou fiança e vai comparecer no dia 26 de fevereiro perante a corte de Downing Centre para prestar esclarecimentos.

Um porta-voz do grupo Keystone, dono do Newtown Hotel, onde ocorreu a agressão no último sábado (4), declarou que não vão comentar o incidente, exceto para dizer que estão "lidando com a polícia".

Marcus é natural de Novo Hamburgo (RS) e mora em Sydney desde 2010. Ele trabalha como zelador de um conjunto de prédios, segundo a mãe, e tem estudado inglês desde setembro de 2010. Estava matriculado em um curso de técnico de administração e tinha a intenção de estender seu visto.

Relembre

O brasileiro Roberto Laudisio Curti, 21, foi morto em 18 março de 2012, também em Sydney, na Austrália, após ser atingido por diversos disparos de uma arma de descarga elétrica feitos por policiais.

Os policiais interpelaram o brasileiro na rua por acreditarem que ele teria assaltado uma loja de conveniência minutos antes.

Roberto recebeu ao menos 14 choques de taser, foi jogado ao chão e teve spray de pimenta pulverizado contra o rosto, em uma ação "negligente, perigosa e de força excessiva, onde houve abuso da força policial em vários momentos", destacou a juíza do tribunal preliminar australiano Mary Jerram, encarregada de investigar a ação policial que levou à morte do jovem.