Presidente e ministro do Exterior do Irã morrem em acidente de helicóptero

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1. Aeronave que levava comitiva do presidente caiu em montanhas. O helicóptero se acidentou no domingo ao fazer um pouso forçado em uma região montanhosa, em razão das más condições climáticas, com forte neblina no local. A morte de Ebrahim Raisi, de 63 anos, foi confirmada por volta das 7h. Nenhum dos integrantes da comitiva, que voltava de uma viagem oficial ao Azerbaijão, sobreviveu. O ministro das Relações Exteriores, Hossein Amir-Abdollahian, estava entre as vítimas. Também morreram Malek Rahmati, governador do Azerbaijão Oriental e o líder religioso Hojjatoleslam Al Hashem. Até agora, o governo do Irã tem descartado a hipótese de atentado.

2. Morte do líder do Irã ocorre em momento de tensão interna e internacional. No mês passado, o país realizou um ataque com mísseis a Israel. A iniciativa foi uma retaliação ao ataque israelense em Damasco, que deixou um líder da Guarda Revolucionária do Irã morto. Israel respondeu com um ataque limitado. Foi o primeiro confronto de grandes dimensões entre os dois países. Internamente, o mandato de Ebrahim Raisi foi marcado por protestos em massa, realizados em 2022 após a morte de uma jovem detida pela polícia moral sob a alegação de não usar o véu islâmico corretamente. Apesar das manifestações terem diminuído, parte da população continua pedindo o fim do regime clerical.

3. Aiatolá Khamenei decreta cinco dias de luto pela morte de Raisi. Ele garantiu, ainda, que não haverá "a menor perturbação" no funcionamento do país. O conservador Ebrahim Raissi, um religioso linha-dura, era cotado como sucessor do líder supremo Ali Khamenei, de 85 anos, e sua morte lança a disputa para o cargo mais importante do país. Raisi foi membro do Judiciário iraniano antes de assumir a presidência em 2021, em uma eleição com abstenção recorde. Na década de 80, ele participou das chamadas "comissões da morte", que executaram cerca de cinco mil opositores do regime dos aiatolás.

4. Primeiro vice-presidente, Mohammad Mokber, assume a presidência interina. É o que prevê a Constituição do Irã, que determina ainda a realização de novas eleições no prazo de até 50 dias. Ebrahim Raisi foi eleito em 2021 e seu mandato iria até 2025. Como Raisi, Mokber, 68 anos, é próximo do líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei. Mokber dirigiu o fundo Setad, ligado a Khamanei.

Equipe de resgate carrega corpo que estava no helicóptero que transportava o presidente do Irã, Ebrahim Raisi, em Varzaqan, província do Azerbaijão Oriental
Equipe de resgate carrega corpo que estava no helicóptero que transportava o presidente do Irã, Ebrahim Raisi, em Varzaqan, província do Azerbaijão Oriental Imagem: WANA (Agência de Notícias da Ásia Ocidental) via Reuters

5. Ali Bagheri Kani, o vice de Hossein Amir-Abdollahian, assume como ministro interino das Relações Exteriores. Kani chefiou as negociações internacionais sobre o programa nuclear iraniano e também participou da discussão do acordo de troca de prisioneiros com os Estados Unidos em 2023. Considerado um político de linha dura e próximo da Guarda Revolucionária do Irã, Abdollahian estava no cargo desde 2021.

6. Líderes do mundo todo reagem à morte de Ebrahim Raisi. O presidente chinês, Xi Jinping, considerou a morte do presidente iraniano "uma grande perda para o povo do país." O líder russo, Vladimir Putin, prestou homenagem a um "político notável." O Hamas descreveu Raisi como "partidário da resistência palestina" e o grupo Hezbollah, financiado pelo Irã, afirmou que Raisi era "um protetor dos movimentos de resistência contra Israel" na região.

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7. Tribunal Penal da ONU pede prisão de Benjamin Netanyahu e outros. O promotor do Tribunal Penal Internacional da ONU, Karim Khan, solicitou a emissão de mandados de prisão para o primeiro-ministro israelense e para o ministro da Defesa de Israel, Yoav Galant, além dos líderes do Hamas, Yahya Sinwar, Ismail Hanyeh e Mohammed Deif. Eles são acusados de crimes de guerra e crimes contra a humanidade em razão dos ataques a Israel em 7 de outubro, e dos ataques de Israel a Gaza. O Tribunal Penal Internacional foi criado em 2002 com o poder de processar indivíduos por crimes contra a humanidade, genocídio e crimes de guerra. Israel não reconhece o tribunal, mas o TPI decidiu que tem jurisdição sobre eventos nos territórios palestinos.

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