Topo

Coreia do Norte reativará reator nuclear fechado em 2007; Coreia do Sul e China lamentam

Do UOL, em São Paulo

02/04/2013 08h37

A Coreia do Norte anunciou nesta terça-feira (2) que pretende reiniciar as operações de um reator nuclear desativado em 2007 e sugeriu que poderia aumentar sua capacidade de enriquecimento de urânio, num momento de extrema tensão militar com sua vizinha Coreia do Sul.

Os governos na Coreia do Sul e da China lamentaram a decisão norte-coreana e fizeram um novo apelo de desnuclearização ao país comunista.

"Caso isso seja confirmado, seria profundamente lamentável", declarou à imprensa o porta-voz do Ministerio das Relações Exteriores sul-coreano, Cho Tai-young, em relação ao anúncio feito por Pyongyang.

O porta-voz pediu à Coreia do Norte que cumpra "as promessas que fez no passado e torne realidade a desnuclearização da península coreana", após afirmar que seu governo monitora de perto os eventos que acontecem no país vizinho.

A China também se pronunciou sobre a polêmica decisão norte-coreana. "Tomamos nota dos anúncios da Coreia do Norte e expressamos que o lamentamos", declarou Hong Lei, porta-voz da diplomacia chinesa. 

"Convocamos todas as partes afetadas a permanecer em calma e dar mostras de moderação", completou.

"A situação atual na península coreana é complicada e delicada", acrescentou Hong, que lembrou a posição da China de "alcançar a desnuclearização da península (coreana) e proteger a paz e a estabilidade da península e do nordeste da Ásia".

A China é a única aliada da Coreia do Norte e seu principal sócio comercial, já que fornece ao país recursos energéticos indispensáveis a sua economia.

Reajuste de instalações nucleares

Um porta-voz do setor energético da Coreia do Norte disse à agência oficial KCNA que as autoridades iniciaram um processo de "reajuste e reativação" das instalações no complexo nuclear de Yongbyon, que inclui uma usina de enriquecimento de urânio e um reator de cinco megawatts.

O governo norte-coreano havia fechado a usina de Yongbyon em julho de 2007 como parte de um plano de desarmamento para receber ajuda internacional, impulsionado por seis países. Pouco depois, as autoridades locais inclusive inutilizaram a torre de resfriamento.

Esta usina era a única fonte norte-coreana de plutônio para seu programa de armas atômicas. Acredita-se que as reservas restantes de plutônio seriam suficientes para entre quatro e oito bombas.

No entanto, em 2010 a Coreia do Norte revelou que estava enriquecendo urânio em Yongbyon, durante uma visita de especialistas às centrífugas existentes nestas instalações. Na época, afirmou que a iniciativa tinha como único fim a produção de energia elétrica para uso civil.

Mas a menção do porta-voz nesta terça-feira sobre um "reajuste" pode indicar a possibilidade de que as instalações desenvolvam capacidade de enriquecimento de urânio para armamento.

Em fevereiro deste ano, a Coreia do Norte realizou seu terceiro teste nuclear, e peritos de diversos países acreditam que, diferentemente dos dois primeiros baseados no plutônio, o último dispositivo era uma bomba de urânio.

EUA posicionam destróier

Os Estados Unidos posicionaram na costa da Coreia do Sul um destróier capaz de interceptar mísseis, no último movimento militar americano em meio ao aumento das tensões na península coreana, disse uma fonte do Departamento da Defesa na segunda-feira (1º).

O "USS Fitzgerald", enviado recentemente para a Coreia do Sul como parte de exercícios militares conjuntos, foi deslocado para o sudoeste da península coreana, em vez de retornar para seu porto de origem, no Japão.

De acordo com o oficial, que conversou com a AFP e pediu para não ser identificado, o deslocamento do "USS Fitzgerald" é uma "iniciativa prudente" para oferecer maiores "opções de defesa antimísseis, se forem necessárias".

O militar informou que os Estados Unidos haviam reduzido sua presença em águas coreanas depois do bem-sucedido lançamento de foguete, em dezembro, pelo regime norte-coreano. Para Washington e Seul, tratou-se de um míssil balístico.

Mais cedo, o Exército americano confirmou para a AFP que enviou, no domingo (31), caças F-22 Raptor para participar de exercícios conjuntos. O treinamento com a Coreia do Sul vai até 30 de abril.

Também nesta segunda-feira, a Casa Branca declarou que, apesar da retórica bélica, o regime norte-coreano ainda não fez movimentos militares "em larga escala nem posicionamento de forças".

O ministro sul-coreano das Relações Exteriores, Yun Byung-se, deve se reunir nesta terça-feira com o secretário americano de Estado, John Kerry, para analisar em Washington a crescente tensão na península. (Com AFP, Reuters e Efe)