Experiência de opressão agrada turistas que vão à Coreia do Norte
Conhecer um dos países mais isolados do mundo pode ser uma experiência única e também opressiva. Mas os turistas que vão à Coreia do Norte parecem não se importar com isso. Ao contrário, experimentar as limitações impostas pelo regime de Kim Jong-un faz parte da atração de visitar o país. “As pessoas tendem a ficar felizes com as restrições”, diz Nicholas Bonner, criador da agência de viagens britânica baseada em Pequim Koryo Tours, que possui pacotes para levar turistas à Coreia do Norte.
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No país, o turista enfrenta uma série de proibições em relação a tirar fotografias e ainda tem a companhia de um funcionário do governo sempre que deixa o hotel, entre outras restrições. “O turista sabe que [a Coreia do Norte] não é um destino 'normal'”, diz Bonner.
A escalada de tensão entre as Coreias pode ter mudado os planos de turistas que queriam conhecer a Coreia do Norte, mas o governo de Pyongyang não parece se preocupar com isso. “Eles [o governo] não veem tal situação como publicidade ruim, mas é claro que em tempos como este o turismo cai”, afirma Bonner.
Cinco turistas brasileiros por ano
Bonner diz que leva cerca de 2.500 turistas por ano à Coreia do Norte. Quando a Koryo Tours abriu, em 1993, o primeiro grupo tinha oito pessoas. Do número atual de turistas, os brasileiros representam “não mais que cinco por ano”. “Agora que o Brasil tem uma embaixada na Coreia do Norte, esperamos levar mais [brasileiros]”, diz.
“Acho que os turistas que levamos estão curiosos e querem ver mais que a cobertura limitada que a imprensa disponibiliza”, acrescenta. No perfil da Koryo Tours no Youtube é possível ver alguns vídeos feitos pela agência de turismo. O tratamento dado a esse material difere do que é comumente visto na imprensa. São raros os momentos em que se vê soldados ou atividades militares. Alguns vídeos são registros do cotidiano do norte-coreano, seja de um jovem andando de patins em uma pista de skate ou da inauguração de uma academia de estética.
Questionado sobre censura das autoridades norte-coreanas, Bonner diz que não sofre “mais do que você poderia imaginar. Isto não significa comprometer nosso padrão, mas significa estabelecer a confiança para que possamos continuar a desenvolver nossos projetos e a indústria do turismo”.
O arsenal norte-coreano
A quantidade exata de armas nucleares na Coreia do Norte é uma incógnita, uma vez que o país não é signatário de tratados para controle de tecnologias para destruição em massa.
No entanto, estima-se que o arsenal do país inclui alguns foguetes que poderiam atingir não só Seul, mas capitais como Tóquio e até mesmo bases norte-americanas no Pacífico.
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Bonner também afirma que nunca foi procurado por qualquer governo que buscasse informações sobre a Coreia do Norte. “Somos especializados em turismo, então não podemos ajudar muito as pessoas a não ser que elas queiram viajar”, diz.
A ideia de criar a Koryo Tours surgiu do fascínio do britânico Bonner pela arquitetura norte-coreana despertado durante uma visita ao país, em 1993. “O turismo permitiu que eu tivesse um visto regular”, diz.
Além da experiência com turismo, Bonner realizou três documentários na Coreia do Norte e também afirma que a Koryo tem o papel de desenvolver projetos culturais, como intercâmbios esportivos e escolares.
A Koryo Tours oferece pacotes individuais e em grupo para a Coreia do Norte e tem saídas semanais para o país. Os preços de pacotes em grupo variam entre 790 euros (cerca de R$ 2.030) e 2.460 euros (R$ 6.340). A agência é proibida de levar jornalistas.
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