Tunísia adia decisão sobre "deboche" de ativistas que mostraram seios em público
O governo da Tunísia informou nesta quarta-feira (5) que expulsou entre a terça-feira (4) e hoje (5) três ativistas do grupo feminista Femen que pretendiam participar de um protesto em Túnis, capital do país. A expulsão acontece às vésperas do julgamento de outras ativistas.
Segundo um breve comunicado do Ministério do Interior, as três mulheres, duas ucranianas e uma bielorrussa, foram expulsas "quando se confirmou sua intenção de protestar contra o Palacio de Justiça de Túnis tirando a roupa durante o julgamento de três estrangeiras" da organização Femen.
A nota se referia a outras três ativistas, duas ativistas francesas e uma alemã. Elas foram detidas em Túnis após mostrar os seios nus em solidariedade à tunisiana Amina Tyler e que compareceram hoje perante um juiz acusadas de "atentar contra o pudor, os bons costumes e a moral pública".
Após a audiência desta quarta-feira (5), o juiz convocou a segunda sessão para o próximo dia 19. O pedido de liberdade condicional das acusadas não foi julgado.
A questão é delicada em um país onde os islamitas do Ennahda, atualmente no poder, enfrentam a pressão crescente do integralismo salafista.
Por Amina
As três integrantes do Femen foram detidas no último dia 29 após protagonizar um protesto o véspera do primeiro julgamento aberto contra a tunisiana Amina, julgada na cidade de Kairouan, 160 quilômetros ao sul de Túnis, por atentado contra o pudor e profanação de espaço sagrado.
As três ativistas europeias que foram expulsas poderiam ser sentenciadas a um ano de prisão com cumprimento de pena.
Amina, que em 30 de maio foi condenada a pagar de uma multa de 300 dinares (R$ 390) por portar um spray defensivo, comparece nesta quarta-feira (5) novamente a um tribunal em Kairouan. A jovem de 19 anos é acusada de "profanação do espaço sagrado de um cemitério" e de "atentado contra os bons costumes" por ter pintado sobre o muro de um cemitério o nome da organização Femen. EFE
O povo contra o Femen
Dezenas de pessoas se reuniram pela manhã diante do tribunal da capital para expressar sua irã contra as francesas Pauline Hillier e Marguerite Stern e contra a alemã Josephine Markmann.
"Como você pode defender estas mulheres? Você não é tunisiano, não é muçulmano, não tem mulher nem filhas!", disse um manifestante a um dos advogados tunisianos.
As três acusadas entraram na sala de audiências às 09h30 (06h30 de Brasília) com a cabeça coberta por um safsari, o véu tradicional tunisiano, como impõe a tradição.
"Acusam-nas de terem cometido um ato de indecência, mas esta infração carece de fundamento material ou intelectual: usam seus corpos não como um objeto de exibição para seduzir, mas como uma mensagem política", disse à "AFP" o advogado francês Patrick Klugman, que representa o Femen e as famílias das detidas.
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