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Síria nega atendimento médico como tática de guerra, diz ONU

Do UOL, em São Paulo

13/09/2013 09h19Atualizada em 13/09/2013 09h29

Forças do governo sírio atacaram deliberadamente hospitais, atingiram hospitais de campanha com ataques aéreos e impediram feridos e doentes de receber atendimento médico, disseram investigadores de crimes de guerra nesta sexta-feira (13).

Em um relatório especial, os investigadores disseram que as forças do ditador Bashar Assad conduziram uma campanha por meio da utilização "a negação de tratamentos médicos como arma de guerra é uma realidade distinta e chocante da guerra na Síria."

"As provas colhidas pela Comissão levam a uma conclusão alarmante: as forças do governo têm como política negar os tratamentos médicos daquele que estão nas zonas controladas pela oposição", aponta o relatório temático da comissão.  

Para a comissão, a prática cria um "precedente perigoso". Segundo os investigadores, as forças de Assad também atacaram centros médicos na Síria.

"Há também evidências de que alguns grupos antigoverno atacaram hospitais em certas áreas", disse o inquérito independente liderado pelo especialista brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro.

Regime sírio executou com armas convencionais

O regime sírio cometeu execuções maciças de civis com armas convencionais, como os massacres em Baniyas e Al Bayda no mês de maio, onde morreram 248 pessoas, enquanto a preocupação da comunidade internacional está concentrada nos armamentos químicos, lembrou nesta sexta-feira a ONG Human Rights Watch (HRW).

Em seu último relatório, a organização afirmou que entre os dias 2 e 3 de maio os soldados de Assad assassinaram 167 pessoas em Al Bayda e 81 em Baniyas, no oeste da Síria.

"Enquanto a atenção mundial se concentra em garantir que o governo da Síria não possa utilizar armas químicas contra seus cidadãos, não devemos esquecer que as forças do regime sírio usaram métodos convencionais para massacrar civis", diz na nota o diretor interino para o Oriente Médio da HRW, Joe Stork.

As forças do regime investiram contra a cidade litorânea de Baniyas, um reduto antigovernamental sunita dentro do distrito de Tartus, de maioria alauita (xiita), após confrontos contra os rebeldes.

Os seguidores do regime fizeram inspeções nas casas e separaram os homens das mulheres. Os primeiros foram concentrados em um lugar de cada bairro e executados com tiros de curta distância.

A HRW destacou que eles também assassinaram pelo menos 23 mulheres e 14 menores, entre eles bebês.

O governo sírio reconheceu suas operações militares em Al Bayda e Baniyas, mas destacou que suas forças só tinham matado "terroristas".

A organização de defesa dos direitos humanos documentou anteriormente execuções sumárias e extrajudiciais feitas pelas tropas do regime em várias partes da Síria, como o subúrbio de Daraya, em Damasco, e as províncias de Homs (centro) e Idlib (norte).

A HRW indicou que também foram registradas execuções feitas pelos rebeldes em áreas controladas por eles em Homs, Aleppo (norte) e no norte de Latakia (oeste).

"O Conselho de Segurança tem a oportunidade de evitar novos massacres, não só aqueles feitos com armas químicas, mas também os que são cometidos pelas partes por outras vias, apresentando a situação ao Tribunal Penal Internacional", disse Stork.

O responsável da ONG avisou que enquanto "EUA e Rússia negociam em relação às armas químicas da Síria, eles devem pensar que para a vítima e seus familiares o método utilizado para o assassinato é algo secundário". (Com Efe, Reuters e Ansa)