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Pais temem que raptadas na Nigéria tenham sido vendidas e nunca mais voltem

Do UOL, em São Paulo

07/05/2014 13h30

Quase um mês após mais de 200 estudantes nigerianas terem sido sequestradas em uma escola particular em Chibok, no Estado de Borno, familiares já começam a contar com a possibilidade real de as jovens nunca mais voltarem para casa.

O Departamento de Estado americano informou que há indícios de que as crianças raptadas pela milícia radical islâmica Boko Haram foram levadas para fora do país e, na pior das hipóteses, podem ter sido vendidas como mulheres para combatentes islâmicos em países como Camarões e Chade --pelo ínfimo valor de US$ 12 cada uma.

Em um vídeo recebido pela AFP na segunda-feira (5), Abubakar Shekau, líder do grupo, reivindicou a autoria do sequestro e declarou: "Por Alá, venderei-as no mercado", acrescentando que o Boko Haram as considera como escravas.

Embora as autoridades de ambos os países indiquem que não há, ao menos por enquanto, vestígios das jovens nos territórios vizinhos, uma coisa é quase certa: “Se as meninas não forem resgatadas, isso pode ser o início de mais sequestros --e da anarquia", resumiu Enoch Mark, pai de uma das vítimas.

Mapa Nigéria - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

Para ele, "a angústia e o trauma estão ficando insuportáveis”.

Em entrevista à AFP, Mark culpa o Exército da Nigéria, a quem acusa de omissão não apenas neste, mas em “milhares” de outros casos desde o início das atividades da insurgência, há cinco anos.

"Os integrantes do Boko Haram não são espíritos nem criaturas extraterrestres que não podemos perseguir e neutralizar", disse ele com sarcasmo à AFP. "O governo deveria encontrar nossas filhas ou, se não for capaz, pedir ajuda internacional."

Analistas internacionais vão à Nigéria

Hoje, o governo britânico anunciou que enviará à Nigéria um grupo de analistas para ajudar na busca de mais de 200 meninas sequestradas pela milícia radical islâmica Boko Haram.

Trata-se de especialistas de ministérios como Defesa, Desenvolvimento Internacional e Relações Exteriores, que se dedicarão a assessorar as autoridades locais, mas não se envolverão em operações no terreno na Nigéria.

Boko Haram assume sequestro de alunas e ameaça vende-las

Um porta-voz de Downing Street, residência do primeiro-ministro do Reino Unido, disse hoje que este grupo de analistas, cujo número não precisou, viajará à Nigéria "tão breve quanto for possível".

O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, fez esta oferta em uma conversa telefônica mantida hoje com o presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, que aceitou a ajuda.

Em um discurso na câmara dos Comuns, o chefe do governo ressaltou que é importante que o Reino Unido mostre firmeza perante as ações de radicais islâmicos que se opõem à educação e ao progresso das meninas.

"Este é um ato de pura maldade. (A tragédia) uniu o povo de todo o planeta para apoiar a Nigéria e ajudar a encontrar estas meninas e devolvê-las a seus pais", afirmou Cameron.