Para governo turco, número de mortos em mina não vai passar de 302, mas mineiros dizem haver mais corpos
O ministro de Energia da Turquia, Taner Yildiz, disse, nesta sexta-feira (16), acreditar que 302 mineiros morreram no incêndio que atingiu uma mina de carvão de Soma na última terça-feira e que ainda restam 18 corpos em seu interior.
"O total de mortos pode ser 301 ou 302. O máximo será 302, mas esperamos que fique em 299. Dentro da mina restam no máximo 18 corpos", disse Yildiz em entrevista coletiva em Soma, transmitida ao vivo pela emissora NTV.
Esse número seria menor que as primeiras estimativas do governo, que falavam em cerca de 350 mortos.
Mas, segundo relatou o jornal britânico "The Guardian", diversos moradores da cidade acusam o governo de estar mentindo em relação ao número de vítimas do acidente. Um mineiro que trabalha no local disse que o número de mortos é maior do que o divulgado pelo governo turco. "Isso é uma desgraça, uma mentira incrível. Eles estão tentando encobrir os números exatos do acidente. Eu estive lá embaixo. Há mais de 18 corpos ainda presos na mina", relatou o homem, que preferiu não ter o nome divulgado.
Segundo a empresa de mineração turca Soma Holding, responsável pela mina, foram confirmadas as mortes de 284 pessoas, além dos 18 corpos que ainda estariam soterradas no local.
A empresa informou que 363 pessoas foram retiradas da mina depois que o incêndio irrompeu na terça-feira (13) e outras 122 tinham sido hospitalizadas.
De acordo com a mineradora, havia 787 trabalhadores no local no momento do incêndio.
Fogo
"O incêndio continua ativo, mas está diminuindo. A concentração de monóxido de carbono é menor do que ontem. Agora estamos reforçando os tetos e depois faremos uma revisão em todos os cantos da mina", explicou o ministro Taner Yildiz.
Yildiz se recusou a apontar responsáveis pelo acidente e garantiu que as investigações começarão assim que todos os corpos forem retirados da mina.
"Nesta fase não podemos deixar que os investigadores entrem na mina. Mas ninguém deveria se preocupar. A investigação prosseguirá corretamente e se houver responsabilidades, sejam de órgãos públicos ou privados, serão atribuídas", prometeu Yildiz.
O ministro pediu que as perguntas sobre a possível presença de operários sem contrato na mina sejam dirigidas aos responsáveis da empresa, Soma Holding, que adquiriu a concessão de exploração em um recente processo de privatização.
A empresa divulgou ontem à noite um comunicado no qual assegurava que o acidente "foi algo nunca visto no setor da mineração". (com agências internacionais)
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