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Após banho de sangue, separatistas ucranianos anunciam toque de recolher

Do UOL, em São Paulo

28/05/2014 09h44

As autoridades da autoproclamada República Popular de Donetsk, no leste da Ucrânia, anunciaram um toque de recolher de 20h às 6h após o banho de sangue que deixou ao menos 40 mortos, nesta terça-feira (27), no aeroporto da cidade.

As ruas de Donetsk, que tem quase um milhão de habitantes, ficaram vazias, com prédios comerciais e lojas fechados e protegidos por tábuas de madeira ou chapas de ferro, para evitar saques. A prefeitura informou que 14 escolas e dois hospitais na região do aeroporto, que está com as ruas bloqueadas, também permaneceram fechados.

Nesta quarta-feira (28), as forças militares ucranianas e os rebeldes pró-Rússia voltaram a se enfrentar na região. Caças militares sobrevoaram a região separatista, e rajadas de metralhadora foram ouvidas no centro da cidade e perto do prédio do Serviço de Segurança da Ucrânia, nas proximidades da sede da administração local, ocupada pelos milicianos há cerca de dois meses. 

Os militares ucranianos intimaram os "rebeldes" a deixarem a cidade "ou serão atingidos com precisão". $escape.getH()uolbr_geraModulos($escape.getQ()embed-lista$escape.getQ(),$escape.getQ()/2014/entenda-a-crise-na-ucrania-1395092819467.vm$escape.getQ())

Confrontos no aeroporto

Ontem, os combates no aeroporto da cidade deixaram ao menos 40 mortos, sendo quatro civis, segundo o prefeito de Donetsk, Alexander Lukianchenko. Os rebeldes falam em cem ou duzentos mortos.

Segundo várias testemunhas e fotos divulgadas nas redes sociais, os necrotérios da cidade já não podem receber mais corpos, em sua maioria de insurgentes russófonos.

Separatistas chegaram a anunciar a tomada do local, mas os militares ucranianos reagiram com morteiros e granadas e recuperaram o controle do local. O aeroporto de Donestk, que passou por uma grande reforma em 2012 para a Eurocopa, com obras que custaram US$ 1 bilhão, segundo a imprensa ucraniana, ficou destruído.

Após o episódio, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, pediu o fim da ofensiva ucraniana. A Rússia expressou disposição de enviar ajuda humanitária ao leste da Ucrânia e pediu autorização para as autoridades de Kiev para fornecer assistência.  

A nota enviada diz que "as rotas e as condições do fornecimento da ajuda poderiam ser estabelecidas pelas respectivas instituições de ambos os países".

Observadores sequestrados

Ainda não há notícias dos quatro observadores da Osce (Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa) que desapareceram há dois dias em meio aos conflitos no leste do país.

O mediador da Osce para a Ucrânia, o diplomata alemão Wolfgang Ischinger, disse que não descarta remover do país os observadores da entidade, se a situação for considerada muito perigosa.

"Se a insegurança chegar ao ponto de temermos pela vida de nossos colaboradores, lamentavelmente teremos que retirá-los", afirmou, em entrevista ao canal público alemão ZDF. "Não sabemos exatamente onde eles estão. Supomos que estejam nas mãos de um dos grupos separatistas."

De acordo com a entidade, os quatro sequestrados são um dinamarquês, um estoniano, um turco e um suíço.

Um mês atrás, uma equipe da Osce foi capturada por separatistas em Slaviansk, onde ficaram retidos durante uma semana.

No último domingo, a Ucrânia elegeu seu novo presidente, o empresário Petro Poroshenko, pró-Ocidente, que pretende continuar a ofensiva militar contra os separatistas, ainda que de maneira mais breve.

Protesto de mineiros

Cerca de mil mineiros do setor de carvão fizeram uma manifestação nesta quarta-feira em apoio aos separatistas do leste do país.

Os mineiros saíram pelas ruas centrais da cidade de Donetsk para exigir a saída de forças do governo ucraniano da região. (Com agências internacionais)