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Ucrânia e UE assinam acordo que desencadeou crise; Rússia vê ameaça "séria"

Do UOL, em São Paulo

27/06/2014 09h40

A Ucrânia assinou nesta sexta-feira (27) o acordo de livre comércio e cooperação política com a União Europeia (UE) que tinha sido o estopim de meses de violência e revoltas no país. A Geórgia e a Moldávia, outras duas ex-repúblicas soviéticas, também fizeram acordos semelhantes.

O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, o primeiro-ministro georgiano, Irakli Garibashvili, e o primeiro-ministro moldávio, Yuri Leanca, ratificaram a associação, inédita na história da UE, durante uma reunião de cúpula que contou com a presença dos 28 chefes de Estado e de Governo do bloco.

Os pactos, que representam uma ampla cooperação com os três países em troca de compromissos na luta contra a corrupção e para avançar em um Estado de direito, alarmaram o governo russo, que teme perder influência sobre a região.

"Que grande dia! Possivelmente o mais importante para meu país desde a independência em 1991", disse Poroshenko, ressaltando que o acordo será aplicado em toda Ucrânia, "inclusive na Crimeia". "As evoluções históricas são inevitáveis", completou.

A reação da Rússia ao acordo foi imediata. Para Moscou, a associação dos ucranianos ao bloco terá "sérias consequências" para a economia e as relações comerciais de Kiev.

"O golpe de Estado anticonstitucional em Kiev e os esforços para levar o povo ucraniano a fazer uma escolha artificial entre Europa e Rússia levaram a uma divisão da sociedade e a um doloroso enfrentamento interno", disse o presidente russo Vladimir Putin.

"As consequências da assinatura [do acordo com a UE] pela Ucrânia e pela Moldávia serão, sem dúvida, sérias. É importante que as partes entendam (...) as consequências nas relações com outros parceiros, entre eles a Rússia, com a qual tanto Moldávia como Ucrânia têm um acordo de livre-comércio", afirmou o vice-ministro de Relações Exteriores russo, Grigori Karasin.

Para a Rússia, a zona de livre-comércio entre a Ucrânia e a UE --que permite que mais de 90% dos produtos europeus entrem no mercado da antiga república soviética sem pagar tarifas-- é incompatível com a abertura de suas fronteiras para as mercadorias da Ucrânia.

Por isso, o governo russo deve tarifar produtos ucranianos para evitar que seu mercado seja invadido por produtos baratos vindos da Europa, o que prejudicaria os produtores russos, menos competitivos que os europeus.

O chefe do comitê parlamentar para Assuntos Internacionais, Alexei Pushkov, disse que a Ucrânia perderá até US$ 40 bilhões (R$ 87 bilhões) em um ano após abrir suas fronteiras aos mercados da União Europeia.

"A Ucrânia não poderá vender seus produtos ao mercado russo nas mesmas condições que antes, já que cada zona de livre-comércio tem suas exigências, e devido a isso a Rússia terá que revisar as condições nas quais comercializamos com a Ucrânia", disse o deputado.

"O acordo é positivo. Não foi feito contra ninguém", disse o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso.  

As cidades afetadas pelo movimento separatista na Ucrânia - Arte/UOL - Arte/UOL
As cidades afetadas pelo movimento separatista na Ucrânia
Imagem: Arte/UOL

Histórico

As negociações da Ucrânia com a UE foram suspensas no fim de 2013 pelo então presidente Viktor Yanukovich, que desistiu do acordo por preferir estreitar os laços com a Rússia. A decisão enfureceu os ucranianos que esperavam a entrada no bloco europeu, que iniciaram os violentos protestos que culminaram com a queda de Yanukovich, em fevereiro.

"Ao longo dos últimos meses a Ucrânia pagou o mais alto preço possível para fazer com que seu sonho europeu se tornasse realidade", disse o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, eleito em maio com a promessa de resgatar a aproximação com a UE, aos líderes europeus na cerimônia de assinatura em Bruxelas (Bélgica). (Com agências internacionais)

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