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Brasileira que está em NY se surpreende com calma na cidade diante de nevasca histórica

Maria Clara Ramalho/UOL
Imagem: Maria Clara Ramalho/UOL

Do UOL, em São Paulo

27/01/2015 06h00

Nova York e a costa nordeste americana se fecharam, nesta segunda-feira (26), ante a chegada de uma enorme tempestade de neve, que provocou o cancelamento de milhares de voos e medidas preventivas excepcionais, depois que as autoridades alertaram para uma das nevascas "mais fortes já vistas". O pior dia, segundo a mídia local, deve acontecer nesta terça-feira (27).

Maria Clara Ramalho, 30, professora de inglês de Santo André (SP) que está passando as férias em Nova York, se surpreendeu com a tranquilidade da cidade.

"O que mais me surpreende não é o frio ou a quantidade de neve que está caindo, mas a organização e o preparo das autoridades para lidar com a nevasca. No domingo à tarde, todo mundo já tinha sido avisado sobre a gravidade da tempestade, voos foram cancelados, carros proibidos de circular depois das 23h, as escolas vão fechar na terça e todo mundo já foi avisado para ficar em casa visto que será o pior dia", comenta.

Na cidade de Nova York, a forte tempestade começou no meio da tarde e a neve, as nuvens e a neblina só permitiam ver os arranha-céus do centro de Manhattan. Os prognósticos mais pessimistas falam de até 90 centímetros de neve, o que seria um recorde para a metrópole. Nova York, Nova Jersey, Connecticut e Massachusetts declararam estado de emergência.

A tempestade, chamada "Juno", e que estaria acompanhada de ventos fortíssimos de até 120 km/h em algumas regiões, deve causar intensas quedas de neve no nordeste dos Estados Unidos, anunciou o instituto de meteorologia nacional, que emitiu o alerta de tempestade para Nova York e Boston até a fronteira canadense.

"Por enquanto a cidade, continua cheia de turistas nas ruas, tudo funcionando normalmente. As farmácias estão cheias porque o pessoal já está comprando coisas para esta terça, evitando ter que sair de casa. O frio não é tão tenso, fica pior quando bate o vento", comenta a brasileira. "Como estou acostumada com São Paulo, fiquei esperando o caos na rua, mas muito pelo contrário, está tudo mega tranquilo."

Voos

A chegada da tempestade provocou o caos no tráfego aéreo americano. Havia mais de 6.300 cancelamentos de voos entre a segunda e a terça, a maioria nos três aeroportos nova-iorquinos (JFK, Newark e La Guardia), segundo o site especializado Flightware.

Preocupada mesmo, Maria Clara só está com a volta ao Brasil, que está marcada para quarta-feira (28). As companhias aéreas pedem que as pessoas confirmem os voos antes de ir ao aeroporto. "Talvez eu vá 'ganhar' uns dias em Nova York", afirma.

"Esta pode ser uma das maiores tempestades de neve da história de Nova York", disse o prefeito Bill de Blasio, anunciando estritas medidas de prevenção, entre elas a proibição de circulação a carros particulares pelas ruas e estradas da cidade a partir das 23h locais (2h de terça, horário de Brasília).

O governador do Estado de Nova York, Andrew Cuomo, disse, em coletiva de imprensa, que o metrô, usado diariamente por milhões de nova-iorquinos, funcionaria normalmente até o início da noite e que depois terá funcionamento limitado.

O trem de subúrbio PATH, que liga Nova York à vizinha Nova Jersey, cruzando o rio Hudson, também interromperá seus serviços à noite.

Cuomo declarou estado de emergência em vários condados, inclusive os que abrangem Manhattan e várias regiões de Long Island, a grande ilha ao leste da cidade. "Pode ser uma questão de vida e morte, por isso é necessária cautela", disse Cuomo. "A Mãe Natureza decidiu mais uma vez nos visitar de forma extrema."

De Blasio anunciou um aumento do serviço de ambulâncias e um número maior de policias nas ruas. As escolas ficarão fechadas nesta terça-feira.

A sede da ONU, em Nova York, fechou na tarde desta segunda-feira e só reabrirá as portas na quarta-feira.

Broadway às escuras

Inquieta com o prognóstico, a população se apressou em comprar equipamentos para lidar com a neve, como pás, sal para as ruas e raquetes para o gelo. No centro da cidade, filas se formaram nos supermercados desde a noite de domingo (25) para comprar suprimentos.

Todos os shows da Broadway foram cancelados, assim como o programa da Metropolitan Opera House e os jogos previstos da liga de basquete profissional, a NBA.

O Departamento de Transporte estadual mobilizou equipamento adicional a Long Island (leste) e o vale do rio Hudson, que corta Nova York de norte a sul, com mais de 600 tratores de neve e 1.300 funcionários ativos.

Em Nova Jersey e Connecticut, as autoridades decidiram pelo fechamento total ou antecipado de algumas escolas nesta segunda.

O presidente americano, Barack Obama, que está em viagem na Índia, foi informado da intensa queda de neve que se espera no nordeste do país, principalmente de Nova York até Boston, indicou a Casa Branca.

"Funcionários da Casa Branca fizeram contato com as autoridades locais ao longo da costa leste para garantir que dispõem dos recursos necessários para se preparar e reagir imediatamente à tempestade", declarou John Earnest, porta-voz do Executivo americano.

No total, mais de 50 milhões de pessoas podem ser afetadas por esta tempestade de neve. A maior queda de neve em Nova York que se tem registro ocorreu durante a tempestade de 11 a 12 fevereiro de 2006, com queda de 68 centímetros de neve, de acordo com o Escritório de Gestão de Emergências. (Com agências)