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Operação dos EUA contra Al Qaeda mata 2 reféns

O americano Warren Weinstein e o italiano Giovanni LoPorto, os dois reféns mortos  - AP/Reprodução
O americano Warren Weinstein e o italiano Giovanni LoPorto, os dois reféns mortos Imagem: AP/Reprodução

Do UOL, em São Paulo

23/04/2015 10h48Atualizada em 23/04/2015 14h50

Uma operação das forças especiais americanas na fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão matou acidentalmente dois reféns mantidos pela organização terrorista Al Qaeda, anunciou nesta quinta-feira (23) a Casa Branca. A informação era, até o momento, confidencial e foi divulgada por ordem do presidente Barack Obama. 

Segundo a “CNN”, o “The New York Times” e outros veículos da imprensa norte-americana, o ataque foi feito por drones, mas a Casa Branca não confirmou essa informação.

"É com uma dor imensa que concluímos recentemente que uma operação de contraterrorismo dos EUA em janeiro matou dois reféns inocentes mantidos pela Al Qaeda", afirmou nota da Casa Branca. 

Os reféns foram identificados como Warren Weinstein, americano mantido refém desde 2011, e o italiano Giovanni Lo Porto, refém desde 2012. 

Além disso, a Casa Branca informou que o americano Ahmed Farouq, identificado como um líder da Al Qaeda, foi morto na mesma operação, enquanto Adam Gadahn, um americano que era "membro proeminente" da rede terrorista, foi morto em janeiro em uma outra ação. 

O alvo das operações era um complexo da Al Qaeda na região da fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão. A Casa Branca afirmou desconhecer que os miltantes americanos e os reféns estivessem no local no momento dos ataques.  

Weinstein trabalhava no Paquistão quando foi sequestrado pela Al Qaeda. Ele era conhecido internacionamente como um especialista na área de desenvolvimento. O italiano Lo Porto era voluntário de uma ONG humanitária alemã.

Em dezembro de 2013, foi divulgado um vídeo de 13 minutos de Warren Weinstein se dizendo “totalmente abandonado e esquecido” pelo governo norte-americano e pedindo ajuda a Barack Obama. Então com 72 anos, Weinstein relatava problemas de saúde.

"Nove anos atrás vim ao Paquistão para ajudar meu governo e fiz isso num momento em que a maioria dos americanos não viria para cá", disse. "Agora, quando preciso do meu governo, me sinto totalmente abandonado e esquecido."

Professor universitário, Weinstein – que chegou a trabalhar por um período para a Usaid, agência americana de ajuda internacional – era consultor no Paquistão na época do sequestro. No vídeo de 2013, ele apelou para que Obama negociasse com a Al Qaeda, estratégia normalmente refutada pelo governo norte-americano.

'Não tínhamos informação sobre civis'

Minutos depois da divulgação, o presidente Barack Obama fez um pronunciamento na Casa Branca. “Não há palavras que podem igualar essa perda. Como presidente e comandante-em-chefe, assumo toda a responsabilidade pelas operações de contraterrorismo”, disse Obama.

“O quanto antes identificarmos o que aconteceu, vou divulgar as informações. As famílias merecem saber a verdade.”

Obama – que disse ter comunicado as mortes na quarta-feira (22) à viúva de Weinstein e também ao primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi –  não deu detalhes sobre que tipo de ataque matou os reféns, declarando apenas que a região era o centro da liderança da Al Qaeda.

“Não tínhamos informação de que nenhum civil estaria presente, e sim de que o local era uma célula da Al Qaeda. Precisamos corrigir nossos erros e fazer de tudo para que isso não se repita.”

O presidente americano também disse que os serviços de inteligência estavam em busca de Weinstein e Lo Porto e lamentou a perda dos reféns, exaltando os trabalhos humanitários feitos pelos dois.

“Os espíritos e os exemplos brilhantes desses homens permanecerão”, concluiu Obama.

Josh Earnest, porta-voz da Casa Branca, divulgou mais alguns detalhes horas depois do pronunciamento de Obama. Questionado sobre a possibilidade de o ataque ter sido realizado por um drone, ele não confirmou a informação.

Mais tarde, disse que a área do Paquistão e do Afeganistão era muito remota e volátil, o que impediria a presença de tropas na região. De acordo com Earnest, “centenas de horas de quase contínua vigilância” fizeram o serviço de inteligência chegar à conclusão de que se tratava de uma célula da Al Qaeda, com a presença de líderes da organização terrorista.

Segundo Earnest, a morte dos reféns, no entanto, motivaram Obama a determinar uma revisão nos procedimentos que antecedem esse tipo de operação.

De acordo com a Casa Branca, as duas famílias receberão indenização pela morte das vítimas. (Com agências internacionais)