Se papa continuar com agenda reformista, Raúl Castro promete voltar a rezar
Após seu primeiro encontro com o papa Francisco, neste domingo (10), o presidente cubano, Raúl Castro, disse que pode voltar a seguir o catolicismo, mas com uma condição: se o pontífice continuar com sua agenda reformista. "Se [o papa] continuar a falar como fala, mais cedo ou mais tarde, eu vou começar a rezar novamente e retornar à Igreja Católica. E eu não estou brincando", disse o comunista. Tanto Raúl como Fidel Castro foram batizados como católicos.
No encontro, Raúl agradeceu Francisco por intermediar a aproximação entre Havana e Washington. O cubano falou com o pontífice durante quase uma hora --um encontro excepcionalmente longo para uma reunião papal-- durante uma visita que o Vaticano disse ser estritamente privada e não uma visita de Estado.
Francisco teve um papel crucial na retomada das relações diplomáticas entre EUA e Cuba. O Vaticano sediou reuniões entre delegações dos dois países no ano passado. Além disso, em diversas ocasiões, o papa afirmou estar satisfeito com a histórica reaproximação.
Raúl prometeu ir a todas as missas de Francisco quando o pontífice for a Cuba, viagem que está marcada para o próximo mês de setembro. Segundo o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, a reunião ocorreu em um clima "extremamente cordial e familiar" e serviu como uma prévia para a visita do pontífice à ilha.
Audiências papais aos domingos são extremamente raras. O papa Francisco abriu uma exceção quando Rául perguntou se ele poderia parar em Roma em seu caminho de volta de Moscou para fazer o agradecimento pessoalmente ao pontífice.
Em uma entrevista coletiva à imprensa com o primeiro-ministro italiano Matteo Renzi, o presidente cubano disse que saiu do encontro com o papa "realmente impressionado com sua sabedoria e sua modéstia". O presidente cubano afirmou que lê todos os discursos do primeiro papa da América Latina, que faz da defesa dos pobres uma prioridade de seu papado.
Raúl lembrou o fato de Francisco ser membro da ordem jesuíta, e brincou: "até mesmo eu sou um jesuíta, em certo sentido", já que ele foi educado por jesuítas antes da revolução.
Papas em Cuba
Essa será a terceira visita de um Papa a Cuba. Em 1998, uma viagem de João Paulo 2ª à ilha contribuiu para melhorar as relações entre o governo local e a Igreja, enquanto Bento 16 ficou durante três dias na nação caribenha em 2012 e celebrou uma missa na presença de Raúl Castro.
(Com Ansa e Reuters)
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