Topo

Franceses desafiam medo com campanha para ocupar cafés e bistrôs

Café com a calçada lotada de franceses e de turistas, próximo à praça da República - Carolina Vila-Nova/UOL
Café com a calçada lotada de franceses e de turistas, próximo à praça da República Imagem: Carolina Vila-Nova/UOL

Carolina Vila-Nova

Do UOL, em Paris

19/11/2015 17h57

Se os atentados de Paris foram um ataque ao modo de vida parisiense --de muito cigarro, vinho e boa comida--, os moradores da capital francesa responderam à altura: com uma convocação geral às calçadas dos cafés e bistrôs da cidade.

As hashtags JeSuisenTerrasse (Estou na calçada) e TousauBistrot (Todos ao bistrô) inundaram as redes sociais e, nesta quinta-feira (19), ninguém diria que Paris sofreu, há menos de uma semana, seu maior ataque terrorista da história recente.

Muitas das 129 vítimas estavam justamente bebendo, fumando e conversando nos “terrasses” da capital.

“Sou totalmente a favor, temos de defender os nossos valores”, disse a francesa Kristelle, que aderiu ao movimento (ela não quis dar o sobrenome).

“Claro que temos medo, mas precisamos vencê-lo. Não podemos ficar presos em casa.”

Dauphine Gérard, que almoçava em um restaurante com os dois filhos no distrito 11 --próximo a alguns dos ataques--, explicou de outra forma: “Os loucos não têm endereço. Podem atacar um restaurante, um supermercado. Não temos nenhum controle e por isso é simplesmente obrigatório seguir adiante”.

O movimento também recebeu impulso da associação de bares e restaurantes de Paris, que sofreram uma queda brusca no movimento imediatamente após os atentados.

“O que foi atacado foi nosso modo de vida, a identidade e a cultura da nossa cidade, a alegria de vivermos juntos”, afirmou em uma nota na terça-feira (17) o restaurante Monsieur Bleu. A casa convidou os parisienses a sair para comer fora e observar um minuto de silêncio precisamente às 21h.

“Vamos chorar pelos nossos mortos. Mas amanhã, vamos beijar uns aos outros como pervertidos abomináveis que somos”, afirmou o jornalista Luc Vaillant em sua coluna no jornal “Libération”.

Mesmo que, entre os beijos, as risadas e a bebida, o assunto que mais volte à tona seja o dos ataques daquela sexta-feira 13.