Abin monitora grupo em português criado pelo Estado Islâmico no Telegram
A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) está monitorando um grupo no aplicativo Telegram que troca informações, em português, sobre o Estado Islâmico. A instituição confirmou a existência do grupo, chamado Nashir Português, que é uma referência à agência de notícias utilizada pelo Estado Islâmico para publicar seus manifestos, a Nashir News Agency.
A movimentação preocupou a agência brasileira, que tenta evitar possíveis recrutamentos de cidadãos do país dois meses antes da Olimpíada no Rio de Janeiro, evento que atrai delegações de todo o mundo.
"Essa nova frente de difusão de informações voltadas à doutrinação extremista, direcionada ao público de língua portuguesa, amplia a complexidade do trabalho de enfrentamento ao terrorismo e representa facilidade adicional à radicalização de cidadãos brasileiros", informou a Abin por meio de nota.
Segundo a Abin, "as organizações terroristas têm empregado ferramentas modernas de comunicação para ampliar o alcance de suas mensagens de radicalização direcionada, em especial, ao público jovem".
As primeiras mensagens publicadas neste grupo recém-criado incluem um discurso com mais de 14 páginas, já traduzido para o português, de Abu Muhammad al-Adnani, porta-voz do Estado Islâmico. O conteúdo contém basicamente propaganda jihadista, já difundido em outras línguas.
A agência de monitoramento de terrorismo SITE Intelligence Group afirma que o grupo foi criado em 29 de maio após uma série de mensagens em outros grupos anunciando a procura de simpatizantes que falassem português para a tradução de seus materiais de propaganda.
A notícia do surgimento de um grupo em português endossa ainda o relatório divulgado pela Abin em abril que aponta ameaças terroristas no Brasil durante a realização dos Jogos Olímpicos.
Pouco menos de um mês após a divulgação deste relatório, uma investigação da Polícia Federal em Santa Catarina fez com que a justiça exigisse o monitoramento de um homem da cidade de Chapecó (SC) por suspeitas de planejar um ato terrorista.
Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, Ibrahim Chaiboun Darwiche era investigado há três anos e há indícios que ele tenha passado por um treinamento na Síria --um dos países onde o Estado Islâmico controla parte do território.
O Telegram, aplicativo russo semelhante ao Whatsapp, foi a alternativa encontrada pelo grupo para distribuir sua propagandaapós ter várias de suas contas em redes sociais fechadas.
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