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Após 20 dias em abrigo nos EUA, adolescente retorna ao Brasil nesta quinta

A brasileira Anna Stéfane Radeck, detida em um abrigo de menores em Chicago depois de viajar aos EUA desacompanhada - Arquivo pessoal
A brasileira Anna Stéfane Radeck, detida em um abrigo de menores em Chicago depois de viajar aos EUA desacompanhada Imagem: Arquivo pessoal

Do UOL, em São Paulo

31/08/2016 11h44

Depois de ficar por mais de 20 dias em um abrigo para menores em Chicago, nos Estados Unidos, a adolescente Anna Stéfane Radeck, 16, retornará ao Brasil nesta quinta-feira (1º). A informação foi confirmada pela mãe de Anna Stéfane, Liliane Carvalho, que foi aos EUA para conseguir a liberação da menor, barrada e levada ao abrigo após chegar desacompanhada no aeroporto de Detroit em 11 de agosto.

"Estamos muito felizes. Graças a Deus estamos voltando", disse Liliane ao UOL na manhã desta quarta. Anna Stéfane permanecerá no abrigo até ser levada ao aeroporto para voltar ao Brasil, em um voo com destino a Guarulhos -- a família é de Embu-Guaçu (SP).

Segundo a advogada da família, Raquel Gross, a Justiça americana concedeu na tarde de terça o pedido de partida voluntária de Anna Stéfane ao Brasil. O caso não deixou nenhuma restrição no visto americano da adolescente, que poderá viajar normalmente aos EUA no futuro.

Outra adolescente brasileira, Lilliana Matte, 17, permanece detida no abrigo de Chicago desde a última quarta-feira (24). Ela foi barrada pela Imigração norte-americana no aeroporto Opa Locka Executive Airport, em Miami, dois dias antes. Lilliana possuía em seu passaporte uma autorização dos pais para viajar desacompanhada, o que não evitou que ela fosse barrada e levada ao abrigo. Sua mãe, Anaide, está nos EUA para agilizar sua liberação.

Os dois casos são semelhantes ao da jovem brasileira Anna Beatriz Theophilo Dutra, de 17 anos, no último mês de abril. Ela foi liberada cerca de 15 dias depois de ser levada ao abrigo, retornando ao Brasil. Segundo o UOL apurou, pelo menos outros seis adolescentes brasileiros passaram por situação semelhante, em casos que os pais não revelaram à imprensa.

Detenção em abrigo

A adolescente brasileira Anna Stéfane Radeck, que foi detida em um abrigo de menores em Chicago depois de viajar aos EUA desacompanhada - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Anna Stéfane e sua mãe, Liliane Carvalho, no parque temático Walt Disney World
Imagem: Arquivo pessoal

Ao fazer uma conexão de voo em Detroit rumo a Orlando, em 11 de agosto, Anna Stéfane foi questionada pelas autoridades de imigração sobre estar viajando desacompanhada de um adulto. Segundo a mãe da menina, sua documentação estava em ordem.

Depois dos questionamentos no aeroporto, que duraram dez horas, a garota foi levada de carro a esse abrigo em Chicago. A mãe foi até Chicago para conseguir a liberação da filha, com quem teve apenas um contato telefônico e um encontro pessoal nas duas primeiras semanas. Liliane diz que encontrou a filha "abalada, muito abatida e febril", mas ressaltou que o lugar é higiênico.

Para conseguir a liberação, ela recorreu à advogada brasileira e respondeu diversos formulários exigidos pela Imigração norte-americana para assegurar que a jovem não viajava com intenção de trabalhar ou estudar no país.

Problemas na Imigração dos EUA

Os três casos recentes demonstram a dificuldade dos brasileiros no momento da imigração aos Estados Unidos, particularmente quando envolve menores de idade - que, por não terem um responsável legal no aeroporto, ficam sujeitos a um demorado processo de verificação de documentos.

A suspeita dos agentes americanos recai principalmente no tráfico de menores - jovens levados ao país para serem explorados em trabalhos ilegais - e de adolescentes tentando ingressar no país com visto de turista para tentar estudar em escolas públicas gratuitas, que são obrigadas por lei a aceitar a matrícula de menores de idade.

Ouvidas pelo UOLduas advogadas atuantes em casos de imigração aos EUA deram conselhos para que os brasileiros evitem problemas no desembarque ao país, principalmente na solicitação do visto correto e na atenção à documentação.

No caso de um menor de idade viajando desacompanhado, por exemplo, a recomendação é que os brasileiros oficializem na embaixada americana um documento com essa autorização, independentemente do aviso no passaporte, além de fornecer os dados e uma carta do responsável legal que receberá o menor de idade no momento de seu desembarque nos Estados Unidos.