Trump se recusa a dizer que irá aceitar o resultado se perder a eleição
Durante o terceiro e último debate presidencial na disputa pela Presidência do EUA nesta quarta-feira (19), o candidato republicano, Donald Trump, se recusou a afirmar se aceitará o resultado das eleições caso seja derrotado no dia 8 de novembro. "Verei na hora, vou manter o suspense", disse o magnata, abrindo a possibilidade de que rejeitará uma possível vitória da democrata Hillary Clinton.
Segundo a imprensa americana, esta seria a primeira vez em que um candidato na disputa pela Casa Branca se recusou a admitir que reconhecerá o resultado das urnas. As últimas pesquisas colocam a ex-secretária de Estado com uma vantagem de pelo menos 6,5 pontos percentuais em relação ao magnata do setor imobiliário.
Trump respondia um questionamento do moderador Chris Wallace sobre a transferência pacífica de poder como uma tradição americana.
"Verei isso no momento oportuno, mas o que vi até agora é muito ruim", desconversou Trump, que insistiu em seus discursos, nos últimos dias, em que as eleições estão sendo "manipuladas" para garantir a vitória de sua oponente, a democrata Hillary Clinton.
O magnata nova-iorquino alertou que há "milhões de pessoas registradas para votar que não deveriam estar registradas para votar", ao alegar que as eleições estão armadas a favor da candidata democrata.
Em sua réplica, Hillary disse que a afirmação do rival era horrível. Ela respondeu que Trump estaria rebaixando a democracia, e que ele sempre citava acusações de fraude quando perdia algo, como ocorreu nas primárias de Iowa, nos processos que perdeu, no Emmy, e no caso envolvendo a investigação do FBI, que não a processou pelo uso de e-mail privado durante o período em que foi secretária de Estado.
"Isso só mostra que você não está apto para o trabalho. Ele está denegrindo, destruindo a nossa democracia", disse a candidata, afirmando estar chocada que a afirmação tenha sido feita por um candidato de um dos dois maiores partidos do país.
No primeiro debate, realizado em setembro, Trump disse que reconheceria uma vitória de Hillary. Seus funcionários de campanha e sua filha, Ivanka Trump, também disseram nos últimos dias que o republicano aceitará a derrota se o resultado se confirmar nas urnas.
Acusações de abuso
Em uma nova tentativa de se defender das acusações de assédio e abuso sexual, Trump acusou a rival democrata de estar por trás das acusações de abuso sexual feitas por várias mulheres contra o magnata nas últimas semanas. Segundo ele, se a campanha de Hillary não estiver envolvida nas acusações, elas seriam feitas por mulheres em busca de minutos de fama.
Questionado sobre o tema no último debate presidencial, realizado na noite desta quarta em Las Vegas, no Estado de Nevada, Trump disse que são "histórias falsas e já desacreditadas" e responsabilizou a campanha de Hillary pela onda de acusações.
"É a única maneira. Essas histórias são totalmente falsas, nem sequer pedi perdão à minha mulher porque não fiz nada, não as conheço, ou querem fama ou foi a campanha (de Hillary) que fez isso", afirmou o republicano.
Em resposta, Hillary disse: "Donald acha que menosprezar mulheres o faz maior. Ele diz que não assediou aquelas mulheres porque elas não eram atraentes o bastante. Precisamos deixar claro o que esperamos de um presidente. Agora sabemos o que ele faz com as mulheres, e isso mostra quem ele é."
"Não é apenas sobre as mulheres, Donald não se desculpa por nada, humilhou os pais de um soldado morto, criticou o senador McCain por ser prisioneiro de guerra", disse a candidata.
Suprema Corte
Os candidatos começaram de forma seca e direta, sem aperto de mãos, seu terceiro e último debate na Universidade de Nevada em Las Vegas. Em um dos momentos mais tensos, os dois trocaram acusações sobre a suposta interferência do presidente russo, Vladimir Putin, no pleito americano.
A questão sobre indicações à Suprema Corte abriu o encontro desta quarta, com uma Hillary confiante e um Trump relativamente mais moderado expondo suas diferenças em relação aos juízes a serem escolhidos pelo futuro presidente para a mais alta instância do Poder Judiciário dos Estados Unidos.
Trump buscou tranquilizar a base conservadora de seu partido, ressaltando que indicará juízes pró-vida - ou seja, contrários ao aborto - e que se opõem a mais controles aos donos de armas. Nesse sentido, agradeceu à NRA - o principal lobby de armas do país - pelo apoio à sua campanha.
Hillary criticou, por sua vez, o atual Congresso de maioria republicana por impedir o presidente Barack Obama de tentar preencher o assento vacante na Suprema Corte.
“A Suprema Corte deve estar ao lado do povo americano, e não das corporações e dos ricos", disse ela. “Precisamos de uma Suprema Corte que defenda os direitos das mulheres e da comunidade LGBT".
A democrata disse ainda que vai "defender o direito das mulheres de fazer suas próprias decisões de cuidado de saúde", em alusão a políticas de aborto.
"Eu não acho que o governo dos Estados Unidos deveria estar fazendo essa decisão", insistiu ela, acrescentando que "viemos tão longe para ter de recuar agora".
Porte de armas
Hillary expressou "respeito" à Segunda Emenda constitucional, que garante o direito ao porte de armas no país, mas pediu mais "regulação" e criticou o rival republicano, Donald Trump, por apoiar a NRA.
"Não vejo conflito entre salvar vidas e defender a Segunda Emenda. Deve haver regulação", afirmou.
Em resposta, Trump alertou que, com Hillary Clinton no comando da Casa Branca, a Segunda Emenda ficará "reduzida". "(Este direito constitucional) não sobreviverá a uma presidência de Hillary Clinton", declarou o candidato republicano.
Na sequência, a democrata repudiou que Trump se situasse "do lado da NRA" e lamentou as mortes em consequência da violência com armas de fogo.
“Entendo e respeito a tradição da posse de armas, mas ela pode e deve ser razoável, disse ela.
Muro na fronteira
Trump insistiu na construção de um muro que separe Estados Unidos e México, enquanto Hillary Clinton disse que não haverá "fronteiras abertas" se for eleita.
"Quero o muro, temos que deter as drogas. Temos homens maus que têm que ir embora. Quando a fronteira estiver certa, vamos tomar uma decisão sobre o resto", disse Trump, ao acusar a rival de querer "fronteiras abertas".
Durante a discussão sobre a proposta de Trump para a construção de um muro na fronteira entre os EUA e o México, Trump lembrou que Hillary votou a favor do muro no passado, quando era senadora, e de mudar de opinião "porque nunca consegue fazer nada".
"Eu votei para a segurança nas fronteiras e há alguns lugares limitados em que o muro é adequado. Mas é claro que quando você olha para o que Donald está propondo, ele tem uma visão muito diferente sobre o que deveríamos fazer", disse Hillary
O plano de Donald Trump de implementar uma deportação em massa de milhões de imigrantes em situação irregular "dividirá o país" - atacou Hillary Clinton. Segundo ela, se essa iniciativa for aplicada, o país terá de sair em busca de imigrantes "escola por escola, casa por casa, loja por loja".
"Acho que é uma ideia que vai dividir o país", frisou.
Pesquisa CNN
A candidata democrata foi a vencedora do debate com uma margem de 13 pontos (52% contra 39%), a menor entre os três encontros, de acordo com uma pesquisa da emissora "CNN". A ORC realizou a enquete com 547 entrevistados e margem de erro de 4 pontos percentuais.
Entre os que assistiam este último debate, 50% responderam que Hillary Clinton pode administrar melhor a economia (48% Trump), enquanto 49% disseram que o magnata nova-iorquino administrará melhor a imigração.
Além disso, 47% opinaram que Trump foi o mais sincero no debate, enquanto 46% disseram que a democrata foi a mais franca. No primeiro debate, Hillary teve uma margem de 13 pontos (53% a 40%) neste campo.
Depois do primeiro debate realizado no dia 26 de setembro, 62% optaram por Hillary e 27% por Trump (uma diferença de 35 pontos), enquanto no segundo, no dia 9 deste mês, a margem baixou para 23 pontos (57% a 34%) em favor da democrata. (Com informações da Agência EFE)
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