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Tiroteio em Paris deixa um policial morto e dois feridos na Champs-Élysées

Policiais fecham ruas nas proximidades da Champs Élysées após ataque que matou um policial e deixou dois feridos - Kamil Zihnioglu/AP Photo - Kamil Zihnioglu/AP Photo
Policiais fecham ruas nas proximidades da Champs Élysées após ataque que matou um policial e deixou dois feridos
Imagem: Kamil Zihnioglu/AP Photo

Do UOL, em São Paulo

20/04/2017 16h26Atualizada em 20/04/2017 21h03

Um tiroteio na avenida Champs-Élysées fechou uma das áreas turísticas mais movimentadas de Paris nesta quinta-feira (20). Um policial morreu e outros dois estão gravemente feridos. O ministro do Interior, Matthias Fekl, confirmou que o atirador foi morto. Segundo o governo, os policiais eram o alvo do ataque. O presidente François Hollande disse que o ataque tem características terroristas. O Estado Islâmico assumiu a autoria do atentado.

Segundo o porta-voz do ministério, por volta das 21h (horário local) um homem saiu de um veículo e abriu fogo contra um carro de polícia estacionado na avenida. O atirador usou uma arma automática para atacar os oficiais. "Posso dizer que, segundo as primeiras constatações, os policiais eram os alvos diretos", completou Pierre Henry Brandet. O departamento antiterror vai abrir uma investigação.

A imprensa chegou a confirmar a morte de um segundo policial, citando fontes oficiais. Mas o porta-voz desmentiu a informação e assegurou que ele segue hospitalizado.

Em declarações após o ataque, Hollande disse que o ataque é investigado como terrorismo. "Estamos convencidos que as pistas são de ordem terrorista. O departamento antiterrorista foi acionado", afirmou. "Nós ficaremos em vigilância absoluta, principalmente em relação às eleições", acrescentou.

Atirador

A identidade do atirador ainda não foi confirmada. A polícia faz buscas para saber se o atirador teria cúmplices. Em sua agência oficial, o Estado Islâmico disse que o autor seria Abu Yusuf al-Beljiki, "O Belga".  A identidade dele não foi revelada por autoridades francesas.

A polícia afirma que o suspeito é um francês de 39 anos que vivia no subúrbio de Paris. Fontes citadas pela imprensa francesa dizem que ele foi condenado a 15 anos de prisão por três tentativas de assassinato, duas delas contra policiais --uma delas contra um policial da detenção.

Segundo a rede francesa BFMTV, fontes afirmaram o atirador falou sobre sua vontade de matar policiais no serviço de mensagens instantâneas Telegram, semelhante ao WhatsApp.

O ataque aconteceu em frente a uma loja da rede varejista britânica "Marks & Spencer", a poucos metros do Arco do Triunfo. A região foi esvaziada pelas forças de segurança. Milhares de soldados e policiais armados foram enviados ao local para proteger pontos turísticos como a Champs-Élysées e outros alvos em potencial, como prédios do governo e sítios religiosos.

A Champs-Élysées é vista há bastante tempo como um alvo potencial de extremistas, devido ao alto número de visitantes e sua fama mundial, afirma o repórter da BBC Hugh Schofield, que está na cidade.

Paris - Christian Hartmann/Reuters - Christian Hartmann/Reuters
Imagem: Christian Hartmann/Reuters

Às vésperas da eleição

O episódio acontece a apenas três dias das eleições presidenciais na França e pouco mais de 24 horas depois da prisão de dois supostos terroristas que estariam planejando cometer atentados contra os candidatos. Esta é a eleição presidencial mais concorrida que a França tem em décadas. 

Os suspeitos foram capturados em Marselha, onde a ultranacionalista Marine Le Pen faria um comício. Além disso, os serviços de segurança estão em alerta máximo para o risco de ataques na votação do próximo domingo (23).

Logo após o ataque, Le Pen manifestou "emoção e solidariedade para nossas forças de segurança, novamente alvos de ataques", disse no Twitter. 

Emmanuel Macron, que lidera as pesquisas de intenção de voto, participava de uma entrevista na TV francesa no momento do ataque. Ele dedicou "toda solidariedade às forças de segurança". "Sei que esta ameaça fará parte do cotidiano nos próximos anos", disse. 

Outro candidato, François Fillon, prestou uma homenagem aos "que dão suas vidas para proteger as nossas". Fillon e Le Pen cancelaram os atos de campanha nesta sexta-feira.

Jean-Luc Mélenchon, que também tem chances de ir para o segundo turno, também se manifestou nas redes sociais. "Enviamos um pensamento emocionado à família do policial morto e dos policiais feridos", disse.

O socialista Benoît Hamon também usou o Twitter para manifestar-se sobre o incidente. "Apoio total às nossas forças de ordem contra o terrorismo", disse, apesar de a polícia ainda não confirmar que tenha sido um ato terrorista.

A França é o país da Europa que mais sofreu atentados terroristas nos últimos anos, incluindo o massacre na redação do jornal "Charlie Hebdo", que matou 12 pessoas em janeiro de 2015, e a série de ataques na capital em novembro do mesmo ano, que fez 130 vítimas. (Com agências internacionais)