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Imprensa briga na saída de local de votação no Reino Unido

Quais são as principais questões nas eleições gerais do Reino Unido?

Reuters

Do UOL, em São Paulo

08/06/2017 14h01

Um fotógrafo e um operador de câmera se estranharam na saída de um local de votação em Milnthorpe, na Inglaterra, nesta quinta-feira (8). O líder democrata liberal Tim Farron votou no local e iria aparecer para fotos durante as eleições gerais britânicas

No vídeo, um operador de câmera empurra um fotógrafo enquanto a imprensa se posicionava no lado de fora do local de votação a espera de Farron. Então começa um empurra-empurra entre os dois profissionais, provocando a queda do fotógrafo instantes antes de Farron aparecer.

Os britânicos votam nesta quinta-feira em uma eleição convocada pela primeira-ministra Theresa May com o objetivo de se fortalecer para as negociações do Brexit, mas a autoridade pessoal da premiê estará em risco após uma campanha que viu sua vantagem nas pesquisas derreter na reta final.

As seções eleitorais foram abertas às 7h (3h no horário de Brasília) com um rígido esquema de segurança nacional depois que dois militantes islâmicos mataram 30 pessoas em Manchester e em Londres há menos de duas semanas, levando a questão do combate à violência para o topo da agenda eleitoral nos últimos estágios da campanha.

A votação termina às 18h (de Brasília), quando uma pesquisa boca de urna será divulgada. Espera-se que os primeiros resultados sobre as cadeiras no Parlamento sejam anunciados até as 20h, com a grande maioria dos 650 distritos eleitorais organizados para anunciar os resultados entre 23h e 2h.

Risco de apatia

Apesar de variações significativas, a maior parte das pesquisas indica uma vitória do Partido Conservador. Uma grande questão para o Partido Trabalhista será a participação nas urnas. A maior parte dos apoiadores da legenda é jovem.

"A disputa apertada reflete, de certa forma, a visão histórica de que é baixa a probabilidade de os jovens realmente irem votar", afirma Sophie Gaston, diretora de projetos internacionais no think tank Demos.

Os britânicos votaram em eleições gerais em 2015 e no referendo sobre o Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), em 2016. Existe o risco de fadiga e apatia dos eleitores.

"Para mim, ambas as opções parecem ser completamente incompetentes. Sempre votei no Partido Trabalhista, mas o que fazer se você quer políticas progressistas sem nacionalizar tudo? Nunca pensei que ficaria tão desengajado com a política", diz o pesquisador Alia Malhotra, que vive em Londres.

May iniciou a campanha eleitoral com alta popularidade, mas o apoio à primeira-ministra tem caído. "Tendo colocado a credibilidade nela como líder, qualquer falha é particularmente notável", diz Cole, da Universidade de Birmingham. "E as falhas têm sido numerosas, com a sua 'menos que espontânea' maneira de lidar com a mídia, sua falha em não comparecer ao debate e a forma como tratou a controvérsia do amparo social", analisa.

Preocupação com Brexit

May convocou as eleições antecipadas sob o argumento de que precisa de maior apoio para negociar a saída do Reino Unido da UE. Se a líder do Partido Conservador não angariar uma quantidade expressiva de votos, ela corre o risco de enfrentar dissidências no seu próprio partido.

"É pouco provável que May não seja a próxima primeira-ministra, mas a posição em que ela se encontrar e o tipo de autoridade que poderá reivindicar vai depender da escala da vitória", analisa o professor.

As últimas semanas têm sido difíceis para os conservadores, que entraram na campanha certos de uma vitória expressiva. "Os eleitores não vão esquecer a mancha na reputação dos conservadores em assuntos como financiamento escolar e assistência para idosos", afirma Tom Follett, diretor de políticas e projetos do think tank ResPublica.

"O Brexit não tem desempenhado o papel que May esperava. Sua campanha se baseou em convencer o público de que ela é uma forte negociadora. Isso tem ajudado os trabalhistas, cujos eleitores estavam profundamente divididos sobre o Brexit", diz.

Enquanto os trabalhistas e conservadores trocam farpas sobre liderança, competência, segurança e gastos, a forma como a saída do Reino Unido da UE vai acontecer virou assunto secundário. Isso preocupa alguns eleitores.

"Metade do país votou contra [o Brexit]. May quer nos jogar no penhasco, e Corbyn parece estar completamente desinteressado", diz o eleitor Jack Smith, de Kent.