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Após teste, Japão e EUA prometem pressão e Coreia do Norte fala em autodefesa

Pedestres passam diante de tela com mapa da península coreana (esq.) e o Japão mostrando a trajetória do míssil lançado pela Coreia do Norte - Kazuhiro Nogi/ AFP
Pedestres passam diante de tela com mapa da península coreana (esq.) e o Japão mostrando a trajetória do míssil lançado pela Coreia do Norte Imagem: Kazuhiro Nogi/ AFP

Do UOL, em São Paulo

29/08/2017 08h37Atualizada em 29/08/2017 08h49

O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, conversou por telefone, nesta terça-feira (data local), com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, onde acordaram exercer ainda mais pressão sobre a Coreia do Norte após o novo lançamento de um míssil.

Os dois governantes analisaram o último teste do regime liderado por Kim Jong-un, consistente em um míssil disparado no início da madrugada desta terça (noite de segunda-feira, 28, no horário de Brasília), e que pela primeira vez desde 2009, sobrevoou o Japão antes de cair ao leste da ilha de Hokkaido, nas águas do Pacífico.

A conversa durou cerca de 40 minutos e nela os líderes "concordaram plenamente" quanto à postura e as medidas que serão tomadas diante das seguidas provocações norte-coreanas, disse o premier japonês, em declarações divulgadas pela emissora estatal "NHK".

O novo lançamento "constitui uma ameaça muito séria e grave, e sem precedentes", afirmou Abe, anunciando que pedirá a convocação de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas "para pressionar ainda mais a Coreia do Norte".

Trump transmitiu a Abe "seu forte compromisso de estar 100% com o Japão", segundo o líder nipônico, que também apontou a sua intenção de "trabalhar com a China, Rússia e o resto da comunidade internacional para intensificar a pressão" sobre o regime norte-coreano.

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Coreia do Norte fala em autodefesa

O embaixador da Coreia do Norte na ONU afirmou nesta terça-feira (29) que seu país tem o "direito à autodefesa" ante as "intenções hostis" dos Estados Unidos, poucas horas depois do lançamento de um míssil que sobrevoou o Japão. No entanto, Han Tae Song não se referiu diretamente ao mais recente lançamento por seu país de um míssil balístico.

"Os exercícios militares conjuntos americano-sul-coreanos atualmente em curso, em plena tensão na península coreana e apesar das firmes advertências da República Popular Democrática da Coreia (RPDC), são apenas um ato fanático que joga lenha na fogueira", disse Han Tae-song, embaixador norte-coreano na Conferência de Desarmamento da ONU em Genebra. 

"Meu país tem todas as razões para responder com medidas firmes exercendo seu direito à autodefesa", afirmou. "E os Estados Unidos devem ser inteiramente responsáveis pelas consequências catastróficas que elas implicarão".

Já o embaixador de desarmamento dos Estados Unidos disse que o mais recente teste de míssil balístico da Coreia do Norte que sobrevoou o Japão é "mais uma provocação" e uma grande preocupação.

Washington ainda precisa fazer "análises adicionais" do míssil que atravessou a ilha japonesa de Hokkaido, mas o lançamento será tema de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU nesta terça, disse o enviado dos Estados Unidos Robert Wood a repórteres, em Genebra.

"É mais uma provocação da Coreia do Norte, elas parecem simplesmente continuar a acontecer. Essa é uma grande preocupação, claro, para o meu governo e para diversos outros governos", disse Wood, antes de uma sessão da Conferência sobre Desarmamento promovida pela ONU.

O míssil disparado hoje desde as proximidades de Pyongyang caiu cerca de 1.180 quilômetros do Cabo de Erimo, no extremo do nordeste do arquipélago japonês, após percorrer uma distância total de 2,7 mil quilômetros e alcançar o seu ponto culminante cerca de 550 quilômetros de altura antes de cair ao mar, detalhou o governo japonês.

O novo teste norte-coreano ocorre depois de Pyongyang ter lançado no último sábado três mísseis balísticos de curto alcance nas águas do Mar do Japão, e após realizar no mês passado o teste com dois mísseis balísticos intercontinentais (ICBM).

O primeiro destes lançamentos, ocorrido no dia 4 de julho, valeu ao regime de Kim Jong-un um pacote de novas sanções do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

China pede diálogo

A China pediu, nesta terça-feira, o diálogo para encerrar a crise dos testes com armas realizados pela Coreia do Norte, pois considera que as sanções sobre o regime de Pyongyang não terão efeito. "Os fatos demonstraram que a pressão e as sanções não podem resolver o problema", afirmou em entrevista coletiva à imprensa, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying.

Portanto, "a única via de saída é através do diálogo e as consultas", afirmou Hua, horas depois da Coreia do Norte realizar o lançamento de um míssil que sobrevoou o norte do Japão.

A porta-voz lembrou que a China se opõe aos programas nucleares e balísticos da Coreia do Norte, mas afirmou os Estados Unidos e a Coreia do Sul realizaram uma e outra vez manobras militares e exerceram pressão militar" sobre Pyongyang.

"A China propõe conversações de paz, enquanto outros realizam exercícios militares", disse.

Neste sentido, a porta-voz reiterou a proposta realizada pela China de "suspensão dupla" pelo qual os EUA e Seul ofereceriam parar com suas manobras, em troca que a Coreia do Norte não realizasse mais testes balísticos e nucleares. Esta suspensão dupla "é o enfoque mais factível e viável nas atuais circunstâncias", disse.

Rússia

A Rússia quer que a Coreia do Norte mostre contenção e evite ações provocativas e que os Estados Unidos e seus aliados se abstenham de uma escalada militar, disse o vice-ministro de Relações Exteriores russo, Sergei Ryabkov, nesta terça-feira, segundo a agência de notícias Interfax.

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