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Sob comando militar, presidente da Apex demite diretores olavistas

O ministro Ernesto Araújo ao lado da ex-diretora de negócios da Apex Letícia Catelani - Reprodução/Twitter
O ministro Ernesto Araújo ao lado da ex-diretora de negócios da Apex Letícia Catelani Imagem: Reprodução/Twitter

Talita Marchao

Do UOL, em São Paulo

06/05/2019 20h06Atualizada em 06/05/2019 20h22

O militar Sergio Ricardo Segovia Barbosa, terceiro presidente indicado por Jair Bolsonaro (PSL) neste ano para comandar a Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), anunciou hoje a destituição dos diretores da agência que foram pivôs da crise que atingiu o órgão nos últimos meses. Por meio de nota à imprensa, a Apex confirmou a destituição de Letícia Catelani, diretora de negócios e ligada ao PSL, e de Marcio Coimbra, diretor de gestão corporativa.

"Em breve serão informados os nomes dos novos ocupantes dos referidos cargos, cuja indicação estará sob responsabilidade do Conselho Deliberativo Administrativo", prossegue o comunicado.

A decisão do contra-almirante deve intensificar o debate sobre as divergências entre as alas militar e "olavista" --funcionários alinhados ao guru bolsonarista Olavo de Carvalho. Coimbra já tinha anunciado a sua saída na semana passada.

Já Catelani, que trabalhou normalmente hoje, é amiga pessoal do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e não esconde ser entusiasta do pensamento de Olavo, que foi responsável por indicações de alguns ministros do governo Bolsonaro --entre eles o próprio chanceler, Ernesto Araújo. Catelani foi de secretária-geral do PSL de São Paulo, até ser destituída do cargo, durante a campanha eleitoral.

A Apex, com orçamento de quase R$ 800 milhões, é vinculada ao Itamaraty.

Em comum, Catelani e Coimbra estiveram envolvidos nas demissões dos dois primeiros presidentes da agência indicados por Bolsonaro. Alex Carreiro deixou a chefia uma semana depois de sua nomeação, ainda em janeiro --e, em um primeiro momento, havia se recusado a aceitar a demissão.

O embaixador Mario Vilalva, demitido no começo de abril, teve seus poderes esvaziados. Teria perdido autonomia na presidência e a liberdade nas contratações e demissões. Após uma mudança no estatuto da agência, isso passou a só ser possível de ser feito com a assinatura conjunta de um dos diretores da agência.

Em entrevista logo após a demissão, Vilalva disse que teria sido "contratado para cuidar de uma determinada pessoa que tem lá dentro. E eu me recusei a participar de um esquema que achava absolutamente imoral".

A nota da Apex que anuncia a demissão dos diretores afirma que a indicação de novos diretores "estará sob responsabilidade do Conselho Deliberativo Administrativo". Em meio à crise, a inércia e o silêncio do conselho foram os pontos mais criticados. Ele é formado pelos Ministérios de Relações Exteriores, Economia e Agricultura, além de entidades como a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), a CNI (Confederação Nacional da Indústria), o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e a AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil).