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EUA: Diretor deixa escola após fazer aluno negro pedir desculpas ajoelhado

John Holian, o diretor, disse que a punição seria um "método africano"  de expressar arrependimento - Reprodução/CBS NY
John Holian, o diretor, disse que a punição seria um 'método africano' de expressar arrependimento Imagem: Reprodução/CBS NY

Colaboração para o UOL, em São Paulo

26/03/2021 15h17

O diretor de uma escola católica de Nova York, nos Estados Unidos, a St. Martin de Porres Marianist, renunciou ao cargo, na quarta-feira (24), após fazer um estudante negro, de 11 anos, se ajoelhar como parte de um pedido de desculpas a um professor. Ele chamou a punição de "jeito africano" de expressar arrependimento.

Após o incidente, ocorrido em 25 de fevereiro, o menino contou para a mãe o que aconteceu, e explicou que a punição foi ocasionada porque ele teria começado uma tarefa antes do momento indicado.

Desde então, a mãe do estudante tirou o filho do aprendizado presencial e entrou em contato com o colégio para que tomasse medidas cabíveis à atitude do diretor, que acabou sendo colocado em uma licença temporária.

Ao explicar o ocorrido, John Holian, o diretor, disse que sugeriu que o menino se ajoelhasse e pedisse desculpas, pois havia aprendido essa abordagem com um pai nigeriano, que lhe apresentou a atitude com uma "maneira africana" de pedir desculpas.

"Meu filho não é africano. Você generaliza a todos porque eles são negros? Você acabou de presumir que meu filho é nigeriano? Foi feito simplesmente porque ele era negro", denunciou a mãe, em entrevista à estação CBS2.

Na quarta-feira, data da renúncia do diretor, um comício foi realizado na parte de fora da escola, em apoio ao garoto e sua família. Após aceitar o pedido de demissão de John Holian, a escola emitiu um comunicado, dizendo que continua revisando o incidente para garantir algo dessa natureza "nunca se repita sob qualquer forma".

A mãe do aluno disse ter ficado "em êxtase" com a renúncia do professor. No entanto, ela ainda sente que apenas isso não foi o suficiente e acredita que o professor envolvido no ato também precisa ser responsabilizado.

Apesar das manifestações em respeito e apoio ao aluno, houve pessoas que se posicionaram em defesa do diretor, conforme informado pela rádio WPIX.

"Não vou entrar na onda porque pessoalmente tenho um filho nesta escola e [o diretor] não é racista. Para mim, ele tem sido uma figura paterna para meu filho ", disse Eleanor McCay para a rádio.

A decisão da renúncia, entretanto, é definitiva e Shawn Lisa Torres, assistente social e administradora, foi apontada como nova diretora do colégio St. Martin de Porres Marianist.