Erenice Guerra pede demissão da Casa Civil após denúncia de tráfico de influência
Erenice Guerra não é mais a ministra-chefe da Casa Civil. A saída, anunciada oficialmente nesta quinta-feira (16) em entrevista coletiva concedida pelo porta-voz da Presidência, Marcelo Baumbach, ocorre após reportagem da Folha de S.Paulo sobre suposto lobby na pasta envolvendo o filho da substituta de Dilma Rousseff, hoje candidata à Presidência da República.
O porta-voz da Presidência leu uma carta de Erenice aos jornalistas, na qual ela pede demissão do cargo. O ministro Lula aceitou o pedido, e o secretário-executivo da Casa Civil, Carlos Eduardo Esteves Lima, assume interinamente a função. A definição de quem assume a pasta deve sair na próxima semana. A coordenadora-geral do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), Miriam Belchior, está cotada para o posto.
"As paixões eleitorais não podem justificar esse vale-tudo. Por isso, solicito, em caráter irrevogável, que aceite meu pedido de demissão", escreveu Erenice.
Segundo a Folha, uma empresa de Campinas afirma que o filho de Erenice Guerra, Saulo, cobra dinheiro para obter liberação de empréstimos no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Erenice também teria atuado, conforme reportagem publicada na revista "Veja", para viabilizar negócios nos Correios intermediados por uma empresa de consultoria de propriedade de seu outro filho, Israel.
A oposição protocolou na terça-feira (14) uma representação na Procuradoria-Geral da República pedindo que o Ministério Público da União investigue se Erenice cometeu crimes de tráfico de influência e formação de quadrilha.
"Diante de fatos tão graves... é necessário que seja investigado e esclarecido se a ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, realmente utilizou-se de seu cargo para viabilizar negócios em agências e empresas públicas para beneficiar seu filho, Israel Guerra, ou qualquer outra pessoa", diz o pedido do PSDB.
Erenice divulgou nota, também na terça, na qual afirmou que pediu "celeridade" na apuração das denúncias publicadas pela revista e voltou a dizer que tudo não passa de mentira. "Espero celeridade e creio na exação e competência das autoridades às quais solicitei tais apurações", escreveu.
"Chamo a atenção do Brasil para uma impressionante campanha de difamação que se inicia contra minha pessoa, minha vida e minha família, sem nada poupar, apenas em favor de um candidato aético e já derrotado", disse, referindo-se ao candidato à Presidência tucano, José Serra.
A conduta da ministra será investigada pela Comissão de Ética Pública da Presidência da República. Na segunda, um assessor da pasta acusado de envolvimento no esquema de lobby pediu exoneração do cargo.
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