Regras e limitação de tempo reduzem eficácia de testes com urnas eletrônicas, diz "hacker"
Um dos processos que verificam a vulnerabilidade das urnas eletrônicas que serão usadas em outubro terá início nesta terça-feira (6), em Brasília. Especialistas em computação de todo o país conhecerão as regras para a realização dos testes, farão a configuração dos sistemas que serão utilizados e vão elaborar as propostas de ataque aos equipamentos. Eles atuarão como "hackers" nos testes que serão realizados entre os dias 20 e 22 deste mês.
São essas regras e o prazo limitado para os testes que comprometem a eficácia do processo, na opinião de um dos especialistas que atuará como “hacker” para testar as urnas. Para Diego de Freitas Aranha, doutor em ciência da computação pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e professor do CIC (Departamento de Computação) da UnB (Universidade de Brasília), só seria possível garantir que o sistema é inviolável se “não existissem regras nem tempo determinado para que todos os testes pudessem ser feitos”.
“Não é possível afirmar que o sistema de urna eletrônica é totalmente seguro”, afirma. “Nossa intenção é encontrar vulnerabilidade e contribuir para uma melhor segurança do sistema”, completa Aranha.
Segundo o tribunal, neste ano, o TSE vai tornar disponível aos especialistas o código de fonte e o acesso à internet, o que não ocorreu há três anos. A medida seria uma forma de dar ainda mais subsídios aos avaliadores do sistema.
Ao todo, 24 especialistas em computação de todo o país tentarão invadir virtualmente os equipamentos e fraudar dados. Segundo o TSE, o objetivo dos testes é explorar eventuais falhas do sistema relacionadas à violação da integridade e ao sigilo do voto. As conclusões dos testes serão apresentadas no dia 29 pelo tribunal, que destaca a "transparência" do processo. As sugestões de melhorias dos hackers poderão ser implementadas futuramente no sistema eletrônico de votação. Os testes foram realizados pela primeira vez em 2009.
De acordo com o professor da UnB, o sistema de apuração do TSE não será investigado. “Focaremos o trabalho nas urnas. O sistema que totaliza os votos, pode até ser invadido, mas o máximo que pode acontecer é um atraso na apuração”.
Em 2009, o ministro Carlos Ayres Britto, então presidente do TSE, disse que a urna eletrônica viabilizava “uma Justiça Eleitoral rápida, transparente, segura”. “Não há por que temer novos testes”, afirmou, na ocasião.
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