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À CPI, Perillo diz que não sabia que Garcez emprestou dinheiro para comprar sua casa

Camila Campanerut

Do UOL, em Brasília

12/06/2012 11h43Atualizada em 12/06/2012 13h04

Em depoimento à CPI do Cachoeira nesta terça-feira (12), o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), repetiu a versão dele sobre a venda da sua casa em um condomínio de luxo em Goiânia: fez anúncio em jornal e vendeu para o ex-vereador Wladimir Garcez. A compra, segundo ele, foi feita em três cheques, depositados na conta bancária dele e declarado em seu imposto de renda.

O governador disse não saber que Garcez tinha pedido dinheiro emprestado --Perillo afirma que só depois soube que Garcez não ficaria com a casa e que havia repassado o negócio para o empresário Walter Paulo Santiago. O tucano reiterou que os cheques foram depositados em sua conta.

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A compra da casa é o assunto mais polêmico envolvendo a relação entre o governador e o contraventor.

“Eu recebi os pagamentos e só agora, após o depoimento do ex-vereador Wladimir, soube que ele tinha usado empréstimos de terceiros com os seus patrões. Eu já havia recebido o pagamento”, reiterou.

Perillo se mostrou indignado pelo fato de contestar a venda de um bem particular e não público. “Não vendi qualquer bem do Estado, mas um imóvel de minha propriedade particular”.

Ele fez questão de frisar que a versão é "única e verdadeira" ao mostrar aos integrantes da CPI os documentos referentes à escritura da casa, cópias do cheques e extratos de sua conta dos meses de março, abril e maio.

Perillo disse que somente depois soube que Garcez não ficaria com a casa e que havia repassado o negócio para o empresário Walter Paulo Santiago. Perillo reiterou que os cheques foram depositados em sua conta.

No entanto, em depoimento prestado na terça-feira (5) na CPI, Santiago apresentou uma nova versão para a compra do imóvel, dizendo que pagou pela casa em dinheiro, "em notas exclusivas de R$ 50 e R$ 100".

Em depoimento à CPI, o delegado da Polícia Federal Matheus Rodrigues (responsável  pela Operação Monte Carlo) afirmou que os cheques dados a Perillo eram de Leonardo Almeida Ramos, sobrinho de Cachoeira.

Os cheques estão assinados em nome da empresa Excitant Indústria e Comércio de  Confecções, de Anápolis em Goiás. A confecção é de propriedade de José Gomide Júnior e Rosane Puglise da Costa, citados no relatório da Polícia Federal. Segundo a PF, a Excitant recebeu recursos da empresa Alberto & Pantoja Construções, que seria um das empresas de Cachoeira. Atualmente, o governador afirmou morar em uma casa alugada e ser proprietário de dois terrenos.

Perillo negou também a última versão apresentada pelo ex-vereador tucano Wladimir Garcez de que imóvel foi comercializado por R$ 2 milhões, não por R$ 1,4 milhões. “Recebi três cheques [dois de R$ 500 mil e um de R$ 400mil], o mais, é ilação, fato que não existiu e ninguém nunca terá como provar algo que não existiu."

Depoimento longo

O depoimento de Perillo estava previsto para durar cerca de 20 minutos, mas levou mais de 1 hora. Um grupo de apoiadores de Perillo presentes à sessão da CPI aplaudiu ao final do depoimento do governador. Em uma sala ao lado, jornalistas e visitantes de Goiás assistiram por um telão. Alguns dos goianos se aproximaram de jornalistas aleatoriamente para dizer que o tucano foi convincente.

 

O governador está sendo, agora, questionado pelos parlamentares da comissão.

 

Delta

“Não tem propina no meu Estado. Eu desafio fazer auditoria nas obras do meu governo  para mostrar que a prática foi abolida do meu Estado”. Com esta frase, o governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo, iniciou a abordagem do tema dos contratos de seu Estado com a construtora Delta e empresas ligadas ao bicheiro Carlos Cachoeira.
 
Perillo citou que entre 2008 a 2012 foram feitos 19 contratos com a Delta, dos quais sete durante a gestão do tucano. O governador negou que haja casos de superfaturamento em obras.
 
Ele ainda sugeriu que os parlamentares que tivessem dúvidas indicassem profissionais para fazer uma fiscalização no local.
 
Em sua fala de mais de 1h, Perillo negou que tenha recebido qualquer indicação por parte de Cachoeira para escolher pessoas em cargos-chave em seu governo.