Cristiano Paz só virou réu porque era sócio de Marcos Valério, diz advogado
Cristiano Paz só virou réu no processo do mensalão porque era sócio de Marcos Valério, segundo o advogado Castellar Modesto Guimarães Filho, que representa o publicitário. "Ele sabia, porque o Valério relatava, da existência dos contratos dos empréstimos em função da deliberação de recursos para o PT. Isso era fato. Mas o trabalho de publicitário é tão absorvente que realmente não restava tempo para ele [se inteirar]. Sobre o caixa 2, a imaginação fértil do Ministério Público pode desenvolver qualquer raciocínio." O advogado afirmou que Paz sabia dos contratos porque havia a intenção de ganhar a conta do partido.
Primeiro a fazer a sustentação oral do dia, Guimarães Filho disse que a acusação da Procuradoria contra o seu cliente é "confusa". "Ela traz quase que a impossibilidade total de exercer plenamente a defesa, porque em momento algum o Ministério Público descreve uma conduta delituosa que possa ser atribuída a Cristiano."
Marcos Valério satisfeito
O publicitário Marcos Valério acompanhou atentamente a sustentação oral feita em sua defesa na segunda-feira (6) no plenário do STF e ficou muito satisfeito, segundo o seu advogado Marcelo Leonardo. "Conversei com o Marcos Valério e ele acompanhou toda a sessão pela televisão e me agradeceu e disse que estava muito satisfeito com a defesa", afirmou antes do início da sessão desta terça-feira (7).
Indagado sobre o cochilo de alguns ministros durante a apresentação de outras defesas, o advogado disse que a sustentação oral não é peça fundamental da defesa. "Já entregamos as alegações finais e um memorial aos minitros. A sustentação oral serve para ressaltar algumas partes."
Leonardo afirmou que pretende acompanhar as principais sustentações orais. Hoje, advogados de quatro réus ligados ao Marcos Valério irão fazer a sua defesa na tribuna.
O advogado Marcelo Leonardo afirmou na tribuna do STF nesta segunda que seu cliente foi vítima de perseguição e linchamento público depois que se tornaram públicas as acusações de participação dele no mensalão.
“Marcos Valério não é troféu ou personagem para ser sacrificado em altar midiático”, afirmou. "Foi vítima de implacável perseguição pela mídia, sem direito de defesa", disse. Em seguida, Leonardo disse que seu cliente chegou a ser "ridicularizado por ter corte de cabelo zero". Segundo o advogado, a opção pela careca foi um ato de solidariedade a um filho de Valério que teve câncer na época do mensalão.
Entenda o mensalão
O caso do mensalão, denunciado em 2005, foi o maior escândalo do primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. O processo tem 38 réus, incluindo membros da alta cúpula do PT, como o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil). No total, são acusados 14 políticos, entre ex-ministros, dirigentes de partido e antigos e atuais deputados federais.
O grupo é acusado de ter mantido um suposto esquema de desvio de verba pública e pagamento de propina a parlamentares em troca de apoio ao governo Lula. O esquema seria operado pelo empresário Marcos Valério, que tinha contratos de publicidade com o governo federal e usaria suas empresas para desviar recursos dos cofres públicos. Segundo a Procuradoria, o Banco Rural alimentou o esquema com empréstimos fraudulentos.
Entenda o dia a dia do julgamento
O tribunal vai analisar acusações relacionadas a sete crimes diferentes: formação de quadrilha, lavagem ou ocultação de dinheiro, corrupção ativa, corrupção passiva, peculato, evasão de divisas e gestão fraudulenta.
Dia a dia do julgamento
O julgamento do mensalão está dividido em duas fases. A primeira começou na última quinta-feira (2), quando o relator do processo, o ministro Joaquim Barbosa, leu uma síntese do seu relatório, com os argumentos dos 38 réus e da acusação, a Procuradoria-Geral da República. Em seguida, na sexta-feira (3), o procurador-geral, Roberto Gurgel, fez a sua manifestação e apresentou provas da existência do esquema.
Nos dias seguintes, os advogados dos 38 réus terão uma hora cada um para fazer a apresentação da defesa. A previsão é que a primeira fase aconteça nos dias 2, 3, 6, 7, 8, 9,10, 13 e 14 de agosto. Com duração de cinco horas, as sessões começarão sempre às 14h.
A última fase será destinada à leitura do voto de cada um dos 11 ministros do STF, que irão revelar se absolvem ou condenam os réus. Nesta etapa, as sessões devem ocorrer nos dias 15, 16, 20, 23, 27 e 30 de agosto, a partir das 14h, mas sem horário para terminar.
O primeiro a votar será o relator, seguido do revisor do processo, o ministro Ricardo Lewandowski. A partir daí, a votação segue por ordem inversa de antiguidade, da ministra Rosa Weber, a mais nova na Corte, até o ministro decano, Celso de Mello. O último a votar será o presidente do STF, ministro Ayres Britto.
Se o julgamento precisar se estender até setembro, as datas das novas sessões deverão ser publicadas no Diário da Justiça.
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