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Senadores recebem petição contra Renan Calheiros e dizem que vão discutir assunto

Camila Campanerut

Do UOL, em Brasília

20/02/2013 15h02Atualizada em 20/02/2013 17h59

Os senadores Pedro Simon (PMDB-RS), Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), Aloysio Nunes (PSDB-SP), João Capiberibe (PSB-AP) e Cristovam Buarque (PDT-DF) receberam das mãos de representantes de movimentos sociais uma petição com quase 1,6 milhão de assinaturas pedindo o impeachment do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), eleito para o posto no último dia 1º de fevereiro.

Renan Calheiros foi eleito presidente do Senado em meio a uma série de denúncias que o levaram a ser denunciado ao STF (Supremo Tribunal Federal) por três crimes: peculato (desvio de dinheiro público), falsidade ideológica e uso de documento falso.

Essa condição motivou o surgimento de uma campanha online contra o senador, que culminou na petição online que foi entregue hoje.

Diante dos clamores dos manifestantes, os parlamentares se comprometeram a tratar do assunto internamente e verificar as possíveis consequências do pedido.

Eles, porém, não informaram quando tratariam do assunto nem disseram se encaminhariam uma representação contra Renan Calheiros no Conselho de Ética, por exemplo.

“O Senado não tem o direito de virar as costas para a sociedade. Se o Senado esnobar e não reconhecer um movimento como este, pode pedir a renúncia de todos os senadores”, afirmou Buarque aos cerca de 20 representantes das ONGs Movimento 31 de Julho Contra a Corrupção e a Impunidade, Rio de Paz  e Avaaz.

Taques disse que não deixará este documento ficar no “esquecimento” das gavetas do Senado e que irá analisá-lo juridicamente e conversar sobre as possíveis medidas que poderão ser tomadas com os outros parlamentares.

Taques concorreu com Renan na eleição pela presidência do Senado, quando obteve 18 votos -- Renan venceu com 56.

Aloysio Nunes fez questão de frisar que Renan Calheiros só chegou ao poder com o apoio da base governista do Congresso e da própria presidente Dilma Rousseff.

“Sem o PT e a presidente Dilma, Renan não estaria no comando do Congresso (...). Ao mesmo tempo que saúdo o movimento, queria colocar a questão da responsabilidade política deste episódio”, afirmou o tucano.

Para o senador Pedro Simon (PMDB-RS), a sociedade ganhou confiança em ser ouvida pelos congressistas com a aprovação da Lei da Ficha Limpa.

“A Ficha Limpa mudou a realidade do Congresso Nacional. Ninguém imaginaria que seria aprovado (...). Não esperem nada desta Casa [o Senado] de dentro para fora. Só vai se moralizar o Congresso assim, com vocês se posicionando”, afirmou.

Apesar de ter ajudado a agendar o encontro com os parlamentares, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) não compareceu à reunião porque acompanhava a blogueira cubana Yoani Sánchez durante a visita ao Congresso.

Mais manifestações

Os fundadores das ONGs Movimento 31 de Julho Contra a Corrupção e a Impunidade e da ONG Rio de Paz irão entregar nesta tarde uma carta ao STF (Supremo Tribunal Federal) pedindo celeridade na análise das denúncias contra Renan Calheiros.

Enquanto isso, representantes da Avaaz, entidade que mobiliza campanhas em mais de 190 países, terão uma reunião com a presidência da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) para pedir apoio para acabar com o voto em secreto na eleição para a presidência do Senado.

O diretor de campanha da Avaaz, Pedro Abramovay, afirma que a intenção da reunião é que a OAB "apadrinhe" a ideia de propor uma ADI (ação direta de inconstitucionalidade) ao Supremo contra o regimento interno do Senado, que permite que a votação seja secreta.

Mais cedo, os mesmos grupos estenderam uma bandeira nacional no gramado em frente ao Congresso Nacional pedindo atenção pela quantidade de pessoas contrárias à permanência de Renan Calheiros na presidência do Senado.

"1,6 milhão dizem Fora Renan, será que o Senado vai ouvir?" eram dizeres aplicados sobre a bandeira.