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Oposição usa 1º de Maio para criticar governo; PT fala em campanha antecipada

Débora Melo

Do UOL, em São Paulo

01/05/2013 20h09

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), criticou nesta quarta-feira (1°) as declarações do senador Aécio Neves (PSDB-MG) sobre a inflação e contra o governo da presidente Dilma Rousseff e disse que a oposição tenta “antecipar o calendário eleitoral”--Aécio é potencial candidato à Presidência da República em 2014.

“Isso tudo é tentativa de antecipar o calendário eleitoral. Não é bom para o Brasil. O Brasil, em 2013, precisa trabalhar muito. Campanha é bom fazer durante o horário eleitoral. Tem 60, 90 dias para fazer campanha”, disse Haddad em entrevista durante a festa do Dia do Trabalho promovida pela CUT, no Anhangabaú, região central da capital paulista.

Mais cedo, em discurso no palco da festa da Força Sindical, Aécio disse que o Brasil não pode permitir o retorno do “fantasma da inflação” e disse que o controle dos preços é uma “conquista do PSDB”. Aécio ainda acusou a presidente Dilma de não tratar a alta da inflação com “tolerância zero”, o que foi rebatido pelo ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, que disse que, “após um pico nos últimos meses”, os preços agora vão começar a cair.

Contra críticas da oposição, governo chama Dilma de "leoa"

Haddad disse ainda que o discurso da oposição usa “indicadores” diferentes aos usados pelo PT. “Os nossos indicadores são bem melhores que os deles. Quando você faz a comparação dos indicadores sociais, aumento de salário real, melhoria das condições de vida do trabalhador, taxa de desemprego, tudo é melhor agora do que na época em que eles governaram”, disse o prefeito.

De acordo com Gilberto Carvalho, “os mesmos jornais, contrários ao governo, que mostram que a taxa de desemprego do último mês foi de 5,6% mostram que o desemprego entre os jovens na Espanha chega a 40%”.

O prefeito Haddad, que disse que o Dia do Trabalho é uma data em que o governo deve trazer novidades ao trabalhador, anunciou um aumento de 79% para servidores municipais em “acordo firmado com mais de 30 sindicatos”.

O ministro do Trabalho, Manoel Dias (PDT), também saiu em defesa de Dilma e disse, durante o evento da CUT, que já está marcado para o próximo dia 14 um encontro na qual os presidentes das centrais serão recebidos no Planalto.

Supremo e novos partidos

As críticas de Aécio também passaram pelo delicado tema das PECs: a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 33, que submete algumas decisões do STF ao Congresso, e a PEC 37, que reduz o poder de investigação do Ministério Público, deixando a tarefa para as polícias civis dos Estados e para a Polícia Federal.

"Nós estamos atentos à movimentação do PT que, a meu ver, atenta contra a própria democracia. Limitar a ação do Supremo Tribunal Federal, criando uma instância revisora no Congresso, e impedir o Ministério Público de fazer suas investigações, me parece muito mais uma ação de retaliação ao Poder Judiciário e ao Ministério Público em razão das denúncias que foram feitas e das condenações [no processo do mensalão]", disse Aécio em entrevista aos jornalistas.

Aécio criticou também o projeto --patrocinado pelo Planalto e por seus dois principais aliados no Congresso, PT e PMDB-- que dificulta a formação de novos partidos políticos ao restringir o acesso das siglas ao dinheiro do fundo partidário e ao tempo de propaganda na TV.

"O governo agindo para impedir a formação de outras siglas partidárias que não lhe dão apoio mostra também uma pouca capacidade de conviver com as liberdades", disse Aécio. Uma das prejudicadas pelo projeto seria a ex-senadora Marina Silva, que trabalha para criar a Rede Sustentabilidade, partido pelo qual pretende disputar a Presidência em 2014.

A tramitação do projeto foi suspensa na última quarta-feira (24) pelo ministro do Supremo Gilmar Mendes, para quem a proposta tem o objetivo de prejudicar as minorias.